Reportagem

“O senhor d `Além” de Teresa Veiga vence Prémio Fernando Namora

Com o romance “O senhor d`Além”, Teresa Veiga   venceu por unanimidade do Júri, o Prémio Literário Fernando Namora, promovido pela Estoril Sol, com o valor pecuniário de 15 mil euros.

Teresa Veiga (pseudónimo literário) nasceu em Lisboa, onde reside. Licenciou-se em Direito em 1968 e em Filologia Românica em 1980, tendo exercido a actividade de conservadora do Registo Civil entre 1975 e 1983, em diversas localidades do Alentejo e do Algarve, onde viveu vários anos. Foi ainda professora e assinou, com este, oito livros, entre volumes de contos, novelas e romances.

Em pouco tempo, Teresa Veiga conquistou a critica especializada, que realçou o seu “notável domínio narrativo”. Foi, entretanto, distinguida com vários prémios literários, designadamente, como contista, modalidade na qual obteve uma assinalável notoriedade.

Em acta, o Júri encontrou no romance vencedor “O senhor d`Além” uma “escrita límpida e luminosa” que nos dá “uma cativante estória de gente simultaneamente comum e singular. A sobriedade estilística da autora, exemplar enquanto modo de entender a escrita artística, estrutura um romance cuja legibilidade chama o leitor a participar na própria narrativa que está a ler. Quer pela notável capacidade de observar e descrever, quer pela tranquila inventividade, quer pela admirável economia da narrativa.

Para o Júri, “O senhor d’Além” é “um romance que constitui um elogio à arte de bem escrever. Assinalar a sua importância no quadro da literatura portuguesa actual é, por isso, a validação do seu intrínseco valor”.

Por seu lado, sobre o romance premiado, diz Teresa Veiga que “quando comecei a escrever ” O senhor d`Além” ainda não tinha um plano definido, mas já sabia que iria desenvolver-se à volta de dois pontos fundamentais: a descoberta por alguém de um lugar no Algarve que eu há muito conhecia e amava, e uma certa casa, entrevista da estrada, que por algum motivo despertara em mim uma ressonância particular”.

“E foi assim, à volta desta casa e daquele homem, que a história se foi construindo, personagens e situações surgindo quase como uma inevitabilidade”.

“Poderia este livro chamar-se “A Casa das Palmeiras” e também seria um título adequado. Afinal são a casa e o senhor d`Além que abrem o livro e determinam o seu desfecho”.

“Foi um livro escrito com especial prazer por obedecer a uma motivação muito forte”.

A escritora considerou-se “muito feliz por ter sido distinguida com o prémio Fernando Namora, autor que comecei a ler nos anos setenta e a que regresso às vezes por razões diversas, pois, sendo um grande escritor, a sua obra não só reflecte a realidade portuguesa como é também um olhar atento sobre o mundo. Não poderia ficar em melhor companhia”.

Recorde-se que Teresa Veiga é a única escritora portuguesa que, até 2020, recebeu três vezes o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco.   Apesar dos prémios e da consagração da sua obra de qualidade, a escritora é reservada e avara a intervenções públicas e não costuma conceder entrevistas. Sabe-se, inclusive, que já esteve em lançamentos de livros seus, mas sem que o público soubesse de quem se tratava.

É considerada por isso, uma autora “misteriosa”, que desperta a curiosidade dos leitores interessados em ir mais longe no conhecimento do perfil da ficcionista.

Teresa Veiga publicou o seu primeiro livro em 1981 – “Jacobo e Outras Histórias” – e logo foi notada pela excepcionalidade do seu texto.

O Júri salientou ainda outros romances concorrentes, constando da lista de finalistas votados as obras de José Luís Peixoto, “Almoço de Domingo”; de José Gardeazabal, “Quarentena Uma História de Amor”; de Hugo Gonçalves, “Deus Pátria Família”; de   Djaimilia Pereira de Almeida, “Maremoto”; e de Amadeu Lopes Sabino, “Tempo de Fuga”.

Presidido por Guilherme d`Oliveira Martins, o Júri desta 25ª edição do Prémio Literário Fernando Namora foi ainda integrado por José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Ana Paula Laborinho, Liberto Cruz e José Carlos de Vasconcelos, convidados a título individual, e por Dinis de Abreu, pela Estoril Sol.

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