Reportagem

“O que falta na cidade de Lisboa?”

Fomos até às imediações de faculdades lisboetas para perguntar aos jovens o que falta na cidade de Lisboa. Transportes, estacionamento e espaços verdes estão no topo das sugestões, mas os jovens também se queixam de falta de espaços para estudar e das dificuldades de alojamento.

Vivianne Rosário é a primeira jovem com quem conversamos. Nasceu na Suíça, tem 19 anos e não precisa de muito tempo para apontar a principal carência da cidade: espaços dedicados aos estudantes.

“Como estudante, sinto falta de espaços próprios para nós. Temos, por exemplo, o Caleidoscópio, que é dedicado aos estudantes, mas está sempre completamente cheio. Se chegarmos depois das 10h já não há sítio”, explica. Também refere faltarem “sítios agradáveis para descontrair, mais esplanadas cobertas para usufruir no Inverno…”. Mas também deixa claro que “apesar de tudo, a cidade está bastante moderna e interessante, muito desenvolvida”.

A falta de espaços para estudantes seria repetida mais um par de vezes nas conversas que mantivemos no nosso périplo.

Rodrigo Amor, Joana Lacerda, Íris Pedrosa e Inês Marques, por seu turno, sugerem que se aproveite melhor a área disponível para ser convertida em espaços verdes e são os primeiros a mencionar outra carência que ouvimos muitas vezes: mais estacionamento. “Falta muito estacionamento para quem vem de fora da cidade e depois não tem onde deixar o carro”.

Os quatro amigos são também sensíveis ao “imenso tráfego automóvel”, pelo que apontam a necessidade de “melhores transportes públicos para fornecer uma alternativa ao uso do carro próprio. A rede do Metro também devia ser aumentada, nomeadamente para a zona de Loures e ligações à Linha de Sintra”. Por fim, revelam preocupação com a segurança: “A segurança no Metro e nos comboios também devia ser melhorada”.

Ainda a propósito de mobilidade, André Moreno afirma: “Não estou muito por dentro do tema das bicicletas e trotinetas eléctricas, penso que devia haver um ponto em que nos pudéssemos informar sobre este assunto, sobre novos meios de mobilidade, que hoje em dia são tão importantes para combater a poluição. Devia haver mais incentivo a que as pessoas usassem mais estes meios de transporte e sinto que não há”.

Com Nuno Mohamade, 30 anos, voltamos a ouvir falar na falta de parques de estacionamento em Lisboa, mas também de “parques infantis para as crianças com espaços de lazer também para os adultos, por toda a cidade”.

Interrompemos as manobras de Manuel Sousa, 21 anos, na sua bicicleta, para um breve depoimento. “Faltam skate parks e zonas para desportos radicais, na minha opinião. São todos longe e uma pessoa que pratique este tipo de desportos tem de ir até à Ameixoeira, Chelas, Caxias ou Oeiras. Em Lisboa, só há em São Sebastião e não é grande coisa, penso que está mal construído”.

Quanto ao tema das dificuldades na obtenção de alojamento, que foi referido por vários jovens, foi muito difícil para Pedro Reis encontrar casa em Lisboa e sentiu-se “explorado” mas “sem hipótese” (não quis ser fotografado).

Gonçalo Caneira fala-nos um pouco mais sobre este problema: “Faltam edifícios específicos para alojamento de estudantes, sinto que se aproveitam de nós por não termos hipótese de ir para outro sítio. Acabamos por ficar alojados em quartos, com rendas altíssimas, sem ter acesso a condições que outras pessoas que não são estudantes conseguem obter”.

Gonçalo é de Coruche e dorme em Lisboa durante a semana. Sofia Costa concorda que “é um grande problema”, embora não sofra do mesmo mal porque é de Almada. Mas é mais uma a “bater na tecla” dos transportes: “Para mim o pior são os transportes. Os autocarros que vêm directos para ti acabam a horas estúpidas, a partir das 17h já não há autocarros. E os preços também são desajustados, sobretudo a Fertagus. Pago 60 euros por um passe e moro muito perto da estação, mas conheço várias pessoas que pagam 100 euros pelo passe”.

Num último registo sobre este pesadelo que parece estar no topo dos problemas a resolver em Lisboa, Afonso Sousa, 21 anos, pede “Melhores meios de transporte, quer no número quer na frequência com que passam. A qualidade não é má, é mesmo a quantidade e a frequência. Uso principalmente o Metro e sinto que os comboios demoram muito a chegar e vêm quase sempre cheios”.

O quadro que pinta não esquece as zonas de lazer: “Também penso que poderíamos ter mais espaços verdes, não só nas zonas turísticas mas nas zonas mais residenciais, que ficam um pouco mais esquecidas”.

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