Sociedade

3.ª edição do ORIENTE-SE celebrou o teatro amador em Marvila

O Teatro Contra-Senso voltou a não desiludir e a organizar mais um excelente festival de teatro amador, com este terceiro ano de “ORIENTE-SE”.

O Auditório Fernando Pessa – Casa dos Direitos Sociais, em Marvila, já está bem habituado a receber espectáculos de qualidade e tal voltou a acontecer nas últimas semanas: o grupo de teatro residente, o Teatro Contra-Senso, que conta já mais de 20 anos de actividade, voltou a promover um festival para o qual convidou quatro grupos de teatro amador de todo o país. Desta vez, a madrinha do certame foi a actriz Rita Lello, que deu as célebres pancadas de Molière na estreia, depois de uma breve introdução.

Em quatro sábados, entre os meses de Outubro e Novembro, os grupos Gambuzinos com 1 Pé de Fora (Benedita), Teatro Independente de Loures, Theathron – Associação Cultural (Montemor-o-Novo) e Ajidanha – Associação de Juventude de Idanha-a-Nova subiram ao palco marvilense para proporcionar ao público quatro representações de reconhecida qualidade.

O EXPRESSO do Oriente esteve presente em dois dos espectáculos, assistindo, logo na estreia, a uma adaptação à cena de um romance de José Saramago, intitulado “As intermitências da morte”, e uma comédia do dramaturgo austro-húngaro Odon van Horvath, “Hotel da Bela Vista”.

Comecemos pela segunda peça… É, no mínimo, uma feliz coincidência que um texto com semelhante título seja levado à cena precisamente junto ao Parque da Bela Vista. A Theatron deu vida às personagens de um hotel falido na Alemanha dos anos 30, em pleno colapso económico do pós-guerra, com um triângulo amoroso algo intrincado a alimentar a trama. Afinal de contas, não será muito boa ideia enxotar uma mulher apaixonada com uma gravidez indesejada… sendo ela possuidora de uma herança de 10 mil marcos!

Por seu turno, com o título “Antes a morte que tal sorte”, o grupo oriundo da Benedita brincou com um tema muitas vezes incómodo, deixando o espectador a debater-se com questões provocadoras e importantes. Nesta peça, brilhou todo o elenco, mas em particular o actor Daniel Machado, que fez das suas limitações físicas e da sua deficiência um mundo de recursos explorados cenicamente, com excelente efeito. No fim, ficou a ecoar a frase que remata de forma perfeita o jogo em palco: “Da morte não se tem contado senão histórias. E esta é só mais uma delas”.

O vogal Joaquim Brito representou a Junta de Freguesia de Marvila na estreia do festival e manifestou ao EXPRESSO do Oriente o carinho muito especial da autarquia em relação ao trabalho desenvolvido pelo Teatro Contra-Senso. “No ano em que Marvila está a comemorar os seus 60 anos, é ainda mais importante assinalar o excelente contributo para a Cultura deste grupo de teatro amador. Temos um grande apreço por todo o esforço e dedicação destas pessoas, que levam o nome de Marvila a muitas salas de teatro por esse país fora”. Joaquim Brito confessou-nos ter gostado do espectáculo, reconhecendo que, neste caso, “nem parecia teatro amador”, tal a qualidade da representação!

Esperamos ver o ORIENTE-SE de volta em 2020 para uma quarta edição…

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