Reportagem

“OPUS” encerra Festival de Teatro Amador ORIENTE-SE

Foi com uma comédia filosófica que o Teatro Contra-Senso encerrou o Festival de Teatro Amador ORIENTE-SE, pelo grupo de teatro da Ajidanha, de Idanha-a-Nova.

No primeiro sábado de Novembro, o público assistiu no Auditório Fernando Pessa ao último espectáculo no âmbito da segunda edição do Festival ORIENTE-SE, promovido pelo Teatro Contra-Senso. Vinho de Idanha-a-Nova, a Ajidanha trouxe à cena a peça “OPUS”, encenado por José Carlos Garcia.

Imagine que Deus se sentava no divã do psicólogo e divagava sobre as angústias próprias de um criador aborrecido com a sua criação. Agora imagine que o seu psicólogo se emaranhava nas suas próprias cogitações acerca dos paradoxos que implicam ser-se omnisciente e todo-poderoso. Agora misture um arcanjo Gabriel e um Espírito Santo com muito pelo no peito, tenha bem presente que este Deus não tem barba, mas uma grande barriga, que todas estas personagens são encarnadas por dois actores com tendência para o humor físico e aí tem “OPUS”, o espectáculo que nos fez rir, sem deixar de nos interpelar e fazer pensar.

Um vertiginoso diálogo de 60 minutos muito divertido – as encenações de cenas bíblicas e históricas, com parcos recursos cénicos, estão impecáveis – e impregnado de inquietações filo

sóficas, além das questões particulares da religião, foi uma bela forma de dar por terminado um festival que se prolongou por cinco semanas, sempre com grupos de teatro amador em cima do palco.

O clímax inesperado surgiu na forma de um monólogo muito crítico do mundo actual e da destruição causada pelo homem, não só na destruição material deste mundo que habitamos, mas também na destruição moral da sociedade decadente da qual fazemos parte. É verdade que talvez se tenha atirado para fora de pé, como ouvimos comentar. Mas foi um toque interessante a rematar o diálogo descontraído do resto do espectáculo. Fica-nos a interrogação final, proferida por Deus: “Tudo o que sucedeu foi por minha culpa ou por vossa néscia culpa?”.

Após o cair do pano, subiu ao palco a presidente do Contra-Senso, Sandra Mestre, que entregou lembranças institucionais à Ajidanha e também ao Presidente da Junta de Freguesia de Marvila, José António Videira, que lançou o repto para uma terceira edição do ORIENTE-SE, renovando o compromisso de apoio da autarquia.

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