Sociedade

“Do you speak english?”… “No problem” para estes olivalenses!

resized_JFO - Aula de inglês para adultos (9)O EXPRESSO do Oriente foi até à Escola Paulino Montez, nos Olivais, para assistir a uma aula de inglês muito especial.

Na mesma sala de aula em que apenas algumas horas antes se tinham sentado alunos do ensino básico a aprender as matérias que constituem as bases da sua formação, algures entre as tabuadas da matemática e os ditongos da língua portuguesa, encontrámos alunos adultos cheios de vontade de aprender algo que, por uma ou outra razão, não tiveram ainda oportunidade de dominar convenientemente: o inglês.

Alguns deles já estão esquecidos do que aprenderam “há muitos anos”. Outros nunca aprenderam uma palavra. Mas há uma característica comum a todos: uma grande vontade de ler, escrever e falar inglês, de preferência sem ter de dar os chamados pontapés na gramática!

Estas aulas de inglês para adultos fazem parte de um projecto desenvolvido pela Junta de Freguesia dos Olivais, que quis criar uma solução destinada a uma franja considerável da sua população que pedia ajuda com a língua inglesa. Anabela Silva, vogal da Educação, explica ao nosso Jornal que a autarquia conseguiu destacar três professores com recurso à sua própria bolsa de voluntários para, duas vezes por semana, dedicarem o seu tempo a formar os olivalenses. E adianta que só não há mais turmas porque não é fácil conseguir voluntários para dar as aulas…

resized_JFO - Aula de inglês para adultos (4)Porquê aprender inglês?

Paulo Araújo tem 52 anos. “Estou no projecto pelo segundo ano porque é um projecto interessante, que nos permite melhorar o nosso nível de inglês. A nossa aprendizagem na escola já foi há muito tempo e isso gera esquecimento… estava na altura de relembrar”. Movido puramente pelo gosto pessoal, Paulo reconhece que no mundo da gestão de empresas (a sua área profissional), não sendo estritamente necessário, o inglês “dá jeito”.

Conceição Duarte tem 58 anos, mas “há 40 anos que já não tinha inglês”. E as suas razões para aprender prendem-se com as viagens: “Tenho muita dificuldade quando vou ao estrangeiro em fazer-me entender. Percebo a escrita mas perco-me na oralidade. Quis aprender o inglês para poder comunicar com as pessoas, para não ter de ser sempre o meu marido ou a minha filha!”. E será que está a correr bem? “Estou contente porque dos verbos que falámos hoje já conhecia quase todos!”, garante.

Teresa Alho está sentada logo ali ao lado e nem o facto de já ter celebrado 67 primaveras torna estranho o regresso à escola. O diagnóstico: “estava esquecida de algumas coisinhas e gosto muito do inglês”… Porque “toda a gente no mundo fala inglês”, “é natural querermos saber falar o melhor possível”.

Emília Francisco também já entrou nos sessentas e tem um problema adicional em relação à maioria dos colegas: nunca aprendeu inglês. Inscreveu-se no projecto da Junta porque sempre quis aprender a língua: “Não percebo nada quando oiço falar inglês e gostava de sair daqui a saber falar pelo menos o mínimo”… Confessa que tem de fazer um grande esforço para ir a todas as aulas, muitas vezes deixando o serviço para trás lá no cabeleireiro. E deixa uma palavra de elogio ao professor: “ele não larga cada assunto enquanto nós não percebermos, tem uma forma simples de explicar as coisas e isso é muito importante para nós”.

Claro que não podíamos deixar de ouvir o professor. André Maurício tem 18 anos e ofereceu-se para dar aulas de inglês numa conversa com a vogal da Educação, Anabela Silva: “partilhar os meus conhecimentos é uma forma de ajudar estas pessoas”. Confessa que “não estava à espera que corresse tão bem, que os alunos estivessem tão à-vontade para reconhecer os seus erros. Sendo adultos, não se inibem de colocar as suas dúvidas, de fazer todas as perguntas”. E remata: “É uma troca de experiências muito positiva, que vale muito a pena, apesar de ser difícil de encaixar no horário de estudante”…

Hoje os alunos trabalharam a terminação dos verbos no passado (simple past), não esquecendo a respectiva tradução. Mas já se lançaram na próxima tarefa, que promete dar algumas dores de cabeça: os verbos irregulares! Vá-se lá entender porque é que os verbos não terminam todos da mesma maneira!

Boa sorte!

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