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Casa de Macau festeja o São Martinho

A Casa de Macau organizou um Magusto na sua sede, ocasião em que aproveitámos para conversar com a sua presidente sobre a actividade daquele organismo.

Em Dia de São Martinho, a festa é portuguesa e as castanhas também. No entanto, e no cumprimento de uma tradição que já leva vários anos, é também um pretexto para que a Casa de Macau organize um convívio entre os seus associados.

Cerca de duas dezenas de pessoas participaram neste encontro de cariz quase familiar, em que todos se conhecem. Ainda assim, conforme nos confidenciam os participantes neste encontro, os eventos gastronómicos em que se servem iguarias da cozinha macaense, como o Chá Gordo da Casa de Macau, atraem um número muito mais significativo de pessoas, ultrapassando frequentemente a centena e meia de convivas.

Com 50 anos completados o ano passado (fundação em 1966), e contando com cerca de 400 associados actualmente, a Casa de Macau em Portugal surgiu com o objectivo de reforçar os laços entre todos os macaenses, congregando-as num espaço comum.

A presidente da direcção, Maria de Lourdes Vaz Albino, explica ao EXPRESSO do Oriente que existem Casas de Macau espalhadas pelo globo, assistindo uma comunidade que se dispersou por diversos países sobretudo à procura de estudos superiores, que antigamente faltavam no território que foi de administração portuguesa até 1999. A dirigente realça os casos dos Estados Unidos, do Brasil e da Austrália como principais destinos dos macaenses.

A ligação de Maria de Lourdes Vaz Albino é, se assim se pode dizer, a sua costela macaense: “Os meus avós radicaram-se em Macau em 1921, o meu avô era oficial do Exército. A minha mãe tinha 12 anos quando foi para lá e conheceu lá o meu pai, que cumpriu em Macau o serviço militar. Saí de Macau aos 17 anos para estudar na universidade em Portugal”, relata.

Se numa primeira fase, os associados eram quase exclusivamente macaenses, numa fase posterior à fundação, muitos associados juntaram-se à Casa porque trabalharam em Macau e sentiam uma grande nostalgia desse tempo. Foi o caso de todos os participantes do encontro com os quais falámos, alguns casados com senhoras chinesas que conheceram em Macau.

As actividades promovidas pela Casa de Macau estendem-se a exposições de fotografia, palestras sobre diversos temas mas sempre relacionados com Macau, conferências sobre escritores e poetas que passaram por Macau, apresentações de livros passados em Macau ou de biografias de personalidades importantes ligadas ao território, workshops de cozinha macaense…

“A gastronomia macaense é uma componente fundamental no nosso percurso porque é um dos traços mais marcantes da cultura macaense, a par do patuá”, prossegue a presidente da Casa.

Para o leitor que não conheça, o patuá macaense é uma língua em vias de extinção, de base portuguesa, com influências variadas de outras línguas (sobretudo o cantonês).

A presidente conta-nos ainda que não existem em Lisboa restaurantes de cozinha tipicamente macaense, “talvez porque a gastronomia se desenvolveu através de receitas com um cunho muito familiar, cada família com a sua forma de cozinhar”. Por isso mesmo, e porque uma das coisas que mais deixa saudades é a memória do paladar, a gastronomia é um dos pontos fundamentais dos encontros promovidos pela Casa de Macau.

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