Reportagem

Escola Alice Vieira faz anos e recebe a escritora que lhe deu o nome

resized_alice-vieira-na-escola-alice-vieira-12 resized_alice-vieira-na-escola-alice-vieira-15 resized_alice-vieira-na-escola-alice-vieira-17 resized_alice-vieira-na-escola-alice-vieira-23No dia do seu 19.º aniversário, a Escola Alice Vieira fez uma festa na qual contou com a presença de alguém muito especial: a escritora que lhe serve de patrono!

Mas não foi só Alice Vieira a enriquecer a comemoração com a sua presença: também as antigas docentes, membros antigos da direcção e funcionárias se juntaram para conviver com a actual comunidade escolar, formando um conjunto intergeracional muito completo!

O átrio interior do estabelecimento ficou a abarrotar de gente, incluindo as crianças desde o jardim-de-infância até ao 4.º ano, que foram respondendo às perguntas colocadas pela escritora, pelas coordenadoras da Escola e pelo director do Agrupamento, mas também pela presidente da Junta de Freguesia dos Olivais, Rute Lima.

Alice Vieira confessou aos meninos que esta era a única escola primária que recebe visitas suas, por ser muito especial, e agradeceu às meninas do 4.º ano de escolaridade que lhe leram um poema redigido a partir de um livro da sua autoria. Também se definiu mais como jornalista que escritora, para surpresa de alguns dos presentes.

Rute Lima lembrou aos mais novos que aquela escola nem sempre esteve ali e que antigamente se chamava Escola n.º 25, nos tempos em que ainda não havia Shopping dos Olivais.

Depois de um momento musical, protagonizado pelo Clube de Música da EB 2/3 dos Olivais, em que se ouviram temas nacionais e estrangeiros, com Adele e GNR incluídos, chegou a altura de cantar os parabéns e provar o bolo de anos.

Parabéns, Escola Alice Vieira!

Pequena entrevista com Alice Vieira

Falando para um universo de leitores, que mesmo que não leiam mais nada já estão a ler este jornal, como explicaria a importância da leitura?

A leitura é para mim uma coisa muito natural, não poderia pensar na minha vida sem ler. Acho que os miúdos se forem bem motivados para a leitura, e desde muito cedo, mesmo com computadores, iphones e ipads e não sei mais o quê, acabam sempre por gostar de ler. Claro que se estiverem numa casa em que os pais só estão agarrados aos vidros, não podem gostar de uma coisa que não conhecem. Apesar de tudo acho que o livro-livro, em papel, ainda vai ter uma longa vida. É muito diferente estarmos a ler um livro e estarmos a ler de um ecrã. É claro que o virtual tem algumas vantagens, ainda no outro dia a minha neta mais velha ia partir em missão para Timor e disse-me “Vou pôr o meu Kindle na mala”. Eu perguntei: “Tu lês livros no Kindle?” e ela respondeu: “Ó avó, como é que eu posso levar 100 livros na mala?”… Realmente não dava. Mas a matriz tem de ser sempre o livro em papel.

O livro é uma realidade que não se vai desactualizar nunca?

Isso é uma coisa que já se diz há muitos anos, que o livro vai acabar. Há sempre qualquer coisa que vai matar a leitura. Em 1800 e qualquer coisa, um escritor dizia que a bicicleta ia matar a leitura, depois foi a televisão, depois as novas tecnologias e o livro por cá continua, e esperemos que continue.

E a imprensa escrita? O jornal físico?

Isso é complicado, muito complicado… Trabalho num jornal online, o Jornal de Mafra, e uma revista em papel, a Revista Audácia. Se calhar os jornais teriam de ter encontrado outra forma de dar as notícias. Repare: de manhã vamos ao quiosque e vemos as primeiras páginas dos jornais e percebemos que praticamente já sabíamos aquilo tudo, ou porque ouvimos na rádio, ou porque lemos na internet… Tem de haver outra maneira de cativar o público, que não a maneira tradicional. Só não sei como é que isso se vai fazer. No outro dia conversava com um amigo e dizia-lhe que comecei a trabalhar como jornalista aos 18 anos. No Diário de Lisboa, onde trabalhava, a última página escrevia “Na altura do fecho desta edição, o Benfica ganhava por 1 ou 2 a zero. [risos] Hoje a gente ri-se com isto, não é verdade? Quando o jornal sai, onde é que já vai o jogo do Benfica! A gente quer lá saber… As coisas evoluíram muito rapidamente, as apetências são outras e tem de se dar uma grande volta a isto. Tenho algumas reservas em relação ao jornal em papel, porque gostava muito que não acabasse, mas não estou tão certa.

Não corremos o risco de estupidificação das pessoas quando consomem notícias a pronto, de qualquer fonte, nomeadamente nas redes sociais, que são partilhadas até à exaustão muitas vezes sem grande fundamento?

Claro que há esse risco. A pessoa consome o que lhe aparece sem se dar ao trabalho de ver a data e partilha notícias de há três ou quatro anos, outras de coisas que nunca aconteceram. Há pessoas que morrem sistematicamente, por mais absurdo que isto pareça. Depois percebemos que afinal ninguém morreu, mas continua a haver quem diga que sim! E atenção, que eu sou uma feroz consumidora das redes sociais. Mas há que ter atenção ao que se lê, ao que se partilha, àquilo em que se acredita apenas porque alguém escreveu.

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