Reportagem

Mercado Alfacinha: um espaço para descobrir

resized_Mercado Alfacinha (2) A Freguesia do Beato tem um novo espaço que está ansioso por se mostrar aos clientes… novas lojas, novos produtos, lado a lado com as bancas de sempre!

O novo ano pode muito bem ser o mais importante da vida recente do Mercado da Picheleira: está a renascer como Mercado Alfacinha!

O presidente da autarquia fala de “um mercado que estava quase morto, muito velho, sem gente”. Hugo Xambre Pereira não esconde o seu entusiasmo quando refere que “um investimento relativamente pequeno, assumido a 100% pela Câmara de Lisboa, permitiu requalificá-lo todo e dar-lhe um aspecto completamente diferente”.

A intervenção passou pela estrutura, pintura, sistema eléctrico… Mexeu-se no que era absolutamente necessário. A zona central do mercado apresenta agora mesas e cadeiras de esplanada interior, e ainda uma zona de parque infantil para as crianças poderem brincar um pouco enquanto os adultos fazem as suas compras. Lucília Charneca, vogal com o pelouro dos Mercados, lembra que ainda falta uma bancada de peixe fresco e uma de legumes, além de o talho ainda não estar definitivamente instalado, mas regista que já se vai vendo vida nova. E acrescenta: “Quisemos garantir que se resolvia o problema do frio. O mercado não tinha portas, tinha uma atmosfera gelada, agora já não temos esse problema!”. Outra coisa que fica agora também garantida é a acessibilidade para portadores de deficiência.resized_Mercado Alfacinha (13)

O novo Mercado Alfacinha funciona das 8h às 19h, todos os dias excepto domingos e segundas-feiras. Mas os estabelecimentos com saída para a rua podem operar noutro horário: o pólo de atendimento da Junta de Freguesia também está aberto à segunda-feira, o restaurante serve jantares até às 21h… O pólo da Junta de Freguesia passou para uma loja com acesso directo ao exterior, precisamente por esta razão.

ACML com um papel fundamental

Hugo Xambre Pereira destaca o protocolo celebrado com a Associação de Comerciantes nos Mercados de Lisboa, que “permitiu colocar no local novos comerciantes e atingir uma taxa de ocupação de praticamente 100%”. Esta realidade contrasta com o cenário anterior, em que “cada vez que a Câmara lançava um procedimento não havia interessados”.

O autarca confessa: “Houve sempre a hipótese, uma hipótese muito possível, de fechar. Mas nós queremos revitalizar o bairro. Com o plano de pormenor do Casal do Pinto queremos dar-lhe nova vida; ora deixar morrer o mercado seria um contra-senso para o nosso projecto global. O bairro precisa de mais gente, de uma maior circulação de pessoas. O mercado pode até atrair gente de fora do bairro. É um bairro típico, muito próprio, o mercado faz parte do seu crescimento. Esta foi a melhor solução possível”.

Paralelamente, uma série de experiências piloto estão em marcha. “Celebrámos também um protocolo com a Escola de Comércio de Lisboa, ao abrigo do qual podemos experimentar novas ideias de negócio e apoiar empreendedores locais. E queremos ter um colégio empresarial que permita que moradores com ideias de negócios comerciais possam ter o apoio necessário se quiserem avançar para a concretização dessa ideia – estudo prévio, plano de marketing, etc.”, enumera Hugo Xambre Pereira.

No dia de Reis, 100 crianças da Escola Eng. Duarte Pacheco visitaram o Mercado Alfacinha, acompanhadas pelos seus professores. O escritor de literatura infantil Alexandre Honrado associou-se à iniciativa e contou uma história aos alunos ali presentes. Como não podia deixar de ser, os comerciantes do Mercado ofereceram um lanche a todas as crianças e professores, sem esquecer os membros do Executivo da Junta de Freguesia do Beato, Silvino Correia e Lucília Charneca!

resized_Mercado Alfacinha (16)O que dizem as gentes do Mercado?

Paula Rodrigues vende frangos há 34 anos no agora ex-Mercado da Picheleira. Espera que as transformações tragam “um espaço melhor, mais vivo, com mais gente”: “é preciso movimento, é preciso vir mais pessoas, não só daqui mas também de outros lados!”.

Maria Rosário Silva está no mercado há 42 anos. Já viu “de tudo e mais alguma coisa”… Nunca foi de perder a esperança, mas confessa que não está fácil… Melhores dias virão, com certeza! “É preciso divulgação, fazerem publicidade, porem uma musiquinha ambiente… As pessoas precisam de se sentir bem aqui, para depois irem dizer aos outros”…

Maria Amélia Moreira ainda se lembra do ermo de terra batida e de lama que ali havia há mais de 50 anos. “Isto era um deserto, as pessoas até tinham medo de escorregar… eu era miúda, andava para aqui na Picheleira com a padiola a apregoar… Uma vida inteira!”.

Vítor Palmira é um dos novos inquilinos: traz um pãozinho quente ao Mercado Alfacinha. O pão vem pré-cozido e vai ao forno no local. Pão de alfarroba, pão de centeio, de malte, pão alentejano, bolas de lenha, broas de milho com passas, farinheira ou chouriço… E coisas mais ousadas, como pão de bifana, trouxas de frango, empadas de pato, os melhores pastéis de nata das redondezas…

Já Fernando Alves, dedica-se ao chocolate, que vende nos mais diversos formatos e com os mais variados sabores: morango, cereja, café, frutos do bosque, tangerina, menta com pepitas de chocolate e caramelo azul, isto tudo falando de chocolate branco. No chocolate negro apresenta avelã, after eight, côco, creme de whiskey, licor de safari e um picante! Até porque o chocolate, já se sabe, come-se em qualquer altura. Todas as pastas de fruta são naturais, sem corantes artificiais. Fernando dedicou-se ao chocolate há um ano, depois de uma carreira profissional ligada ao marketing. Boa sorte!

Pelo meio, ouvimos Laurentina Lopes, cliente. “Compro aqui porque é mais pessoal, por conhecer as pessoas. Há uma relação de confiança, é muito diferente de fazer compras num hipermercado. Desconfio sempre das promoções desses supermercados maiores, tira daqui, mete ali, eles nunca ficam a perder. Compro peixe fresco e congelado, fruta, legumes, frango, perú, ovos, flores… de tudo um pouco!”.

Terminamos com um último apontamento do presidente Hugo Xambre Pereira: “Sinto que do ponto de vista da identidade bairrista da nossa população este espaço também é importante. As pessoas gostam de ter o seu mercado”.

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