Reportagem

“A Estranha Ordem das Coisas”: António Damásio lança novo livro na escola com o seu nome

De visita a Portugal e no meio de uma agenda muito preenchida, o neurocientista António Damásio passou pela escola de que é patrono, nos Olivais, para apresentar o seu novo livro.

O pavilhão desportivo estava a rebentar pelas costuras para o receber, repleto de alunos, pais, professores e funcionários do Agrupamento de Escolas de Santa Maria dos Olivais, além da vereadora da Câmara Municipal de Lisboa Catarina Vaz Pinto, da presidente da Junta de Freguesia dos Olivais, Rute Lima, e de personalidades de vários quadrantes. Até o Chef Avillez marcou presença!

Depois de uma calorosa recepção ao patrono e à esposa, Hanna Damásio, na entrada da escola, o numeroso público fez um respeitoso silêncio ao longo de toda a intervenção do professor, médico, investigador e cientista. No final, os alunos tiveram oportunidade de lhe dirigir as suas perguntas, recebendo respostas completas e cheias de conselhos.

Antes ainda de discursar sobre temas mais complexos, o autor recordou com muita piada o dia em que telefonou para a Escola Secundária para falar pela primeira vez com o director, António Pinto da Cruz. A funcionária que atendeu, do outro lado da linha, julgava que António Damásio era um qualquer homem famoso já falecido, pelo que ficou surpreendida (“Ai, meu Deus!”) ao ouvi-lo de viva voz…

Aproveitando a oportunidade, o patrono reiterou o seu “grande orgulho” na escola e a sua admiração pelo trabalho ali desenvolvido.

Quanto aos tais temas complexos, António Damásio falou sobre a vida, os sentimentos e as culturas humanas, precisamente o subtítulo da obra que apresentava.

Além da inteligência, o que permitiu o desenvolvimento humano e esta epopeia cultural com 100 mil anos de História foram os sentimentos. Para o neurocientista, os sentimentos são os principais motivadores de todas as manifestações culturais, de todas as artes e da própria ciência: os positivos, como o prazer, o bem-estar, o amor ou a compaixão, mas também os negativos, como a dor, o sofrimento, a zanga ou a raiva. Na nona obra publicada, estas são ideias aprofundadas que assentam sobre os princípios formulados há 22 anos, quando o autor escreveu “O Erro de Descartes”.

Adoptando exemplos biológicos para explicar fenómenos sociais e culturais, como o das bactérias que se agregam para cooperar entre si ou para excluir as que não cooperam, Damásio falou ainda sobre os populismos, o conflito em geral ou a actualidade na Catalunha. E das suas palavras resultou uma apologia das virtudes da educação, por um lado, e da negociação como método de resolução de conflitos, por outro.

Terminada a intervenção, formou-se uma longa fila para autógrafos e dedicatórias, a que o neurocientista acedeu com uma simpatia fora do comum.

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