Reportagem

“Uma Escuridão Bonita” na Casa de Teatro de Sintra

Espectáculo co-produzido entre a Companhia de Teatro de Sintra - Chão de Oliva e a Companhia de Teatro Fladu Fla, de Cabo Verde, estreia a 12 de Outubro na Casa de Teatro de Sintra. Tem como tema central os relacionamentos amorosos e familiares vividos na adolescência, apesar de em pano de fundo estarem reflexões profundas como, por exemplo, a guerra e as perdas causadas pela mesma.

A Companhia de Teatro de Sintra – Chão de Oliva e a Companhia de Teatro Fladu Fla apresentam um espectáculo baseado no texto de Ondjaki, autor internacionalmente reconhecido e premiado. Uma Escuridão Bonita estará em cena na Casa de Teatro de Sintra entre 12 e 22 de Outubro, com encenação de Paula Pedregal, que também adaptou o texto. A interpretação é de uma dupla de actores da Companhia de Teatro Fladu Fla, Sheila Martins e Álvaro Cardoso, de Cabo Verde. As sessões acontecem de Quinta-feira a Sábado, às 21.30h, e aos Domingos às 16h e são adequadas a maiores de seis anos.

Todo o espectáculo atravessa momentos de poesia e silêncio, em contraciclo com o frenesim do quotidiano que vivemos actualmente. Na história de Ondjaki, numa das muitas noites em que falta a luz em Luanda, dois adolescentes ensaiam o seu primeiro beijo, que precisa de muitos ensaios e momentos de aproximação e afastamento. As duas personagens centrais estão na varanda da avó Dezanove, às escuras, à espera do “cinema bu”: um cinema que só acontece quando um carro passa com a velocidade e os faróis certos para projectar sombras e imagens nas paredes brancas das casas da rua escura.

Inserido no ciclo artístico do Chão de Oliva “Geografia da Experiência”, dedicado a uma reflexão com e sobre jovens, a que a companhia se dedica este ano, este é um espectáculo capaz de dialogar com diferentes gerações.

Paula Pedregal, co-directora artística no Chão de Oliva, pensou esta peça em torno de questões que a preocupam actualmente: “E se faltasse a electricidade, e não fosse possível carregar dispositivos móveis? E se tivéssemos que usar as lanternas, a luz das velas, durante umas horas por dia, durante uns dias? Teria esse momento alguma espécie de magia? Acredito que o teatro pode devolver a possibilidade de se imaginar, sonhar e ser feliz, sem a tecnologia sempre presente nas nossas vidas”, afirma enquanto encenadora.

Ondjaki propõe-nos uma viagem permeada de poesia e emoções, que inspira toda a equipa artística desta produção e que convida os espectadores, jovens e não só, a lugares de contemplação.

Conforme nos conta Paula Pedregal, “uma das questões mais imediatas relaciona-se com o impacto da tecnologia na saúde mental destas crianças e adolescentes”, e há também nesta criação uma reivindicação: “Questionar a mercantilização do lazer e exigir o direito ao ócio – o tempo sem obrigações – como premissa essencial e obrigatória, para um crescimento saudável; o direito de ter tempo para brincar, não fazer nada, para conversar, para contemplar, para imaginar ou ouvir o silêncio… “.

Este é o segundo projecto teatral em que a Companhia de Teatro de Sintra e a Companhia de Teatro Fladu Fla trabalham juntas, numa relação de parceria e troca de experiências.  Após a estreia e apresentação do espectáculo em Portugal, o mesmo será apresentado no dia de encerramento do Festival TEARTI – Festival Internacional de Teatro do Atlântico, organizado pela Fladu Fla, na cidade da Praia, Cabo Verde, no dia 26 de Outubro.

Para as sessões em Portugal, os bilhetes podem ser adquiridos na Ticketline ou por reserva direta na bilheteira da Casa de Teatro de Sintra através do telefone (219 233 719). A entrada tem um custo de 7,50 €, existindo preços especiais para grupos, jovens, entre outros. O Chão de Oliva conta, ainda, com parcerias com restaurantes locais que fazem preços especiais na reserva de bilhete + jantar.

Mais informações em: https://chaodeoliva.com/portfolio/escuridaobonita/

E: https://chaodeoliva.com/em-criacao/

O Chão de Oliva – Centro de Difusão Cultural em Sintra (CO) é uma associação cultural sem fins lucrativos, em funcionamento desde 1987, reconhecida como entidade de utilidade pública desde 1999. Com sede na Casa de Teatro de Sintra, apoia a sua actividade em três eixos estruturantes: Criação Teatral, Programação Cultural e Serviço Educativo.

No que toca ao eixo de criação artística, em 1990, dentro do CO, foi criada a Companhia de Teatro de Sintra, a primeira e mais antiga companhia profissional do Município, e em 1992, formou-se a segunda companhia profissional residente no CO, o Fio d’Azeite – Grupo de Marionetas.

Já no de Programação Cultural, a associação é pela organização de alguns dos maiores eventos culturais no concelho de Sintra, em 2007 o Chão de Oliva recebeu a Medalha de Mérito Cultural pela Câmara Municipal de Sintra, e é continuamente apoiada pelo Ministério da Cultura desde 1994.

Em 36 anos, o Chão de Oliva já promoveu mais de 285 espectáculos/eventos e já passaram mais de 1.250 artistas/grupos pela associação.

O Teatro Fladu Fla é a companhia fundada por Sabino Baessa em 2002, com o objectivo de promoção da identidade cultural cabo-verdiana pela arte teatral, sendo que nas palavras do seu fundador “O teatro é a arte que espelha a alma de um povo”.  É organizadora do TEARTI – Festival de Teatro do Atlântico, que leva a Cabo Verde espectáculos nacionais e internacionais, de Cabo Verde, Brasil, Portugal, Angola e Marrocos, por forma a difundir o impacto desta arte na sociedade. Este festival tem em 2023 a sua VII edição, na qual a “Escuridão Bonita” será apresentada dia 26 de Outubro.

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