Reportagem

Aos 24 anos Hugo Xambre Pereira é o mais novo autarca da Área Metropolitana de Lisboa, e está, desde Outubro, à frente da Junta de Freguesia do Beato. Apesar da idade conta já alguma experiência nas lides políticas e para a freguesia que o viu nascer quer mudanças.

– Como começou a interessar-se pela política?
– Antes de mais tem de se gostar de causas sociais, o que aconteceu comigo desde cedo. Fui voluntário, sempre me envolvi nas associações de estudantes nas escolas por onde passei e actualmente ainda faço parte da Associação de Ciências da Universidade Técnica de Lisboa, faculdade onde ainda estou a frequentar o curso de Engenharia Química. Faltam-me nove cadeiras e o projecto de final de curso… Mas penso conciliar ambas as funções. Entretanto, em 2002, aderi ao Partido Socialista, na secção de Alto do Pina, literalmente fui lá bater à porta e apresentei-me. Gostaram de mim… Em Agosto de 2003 tive oportunidade de ser assessor do conjunto de vogais que o PS tinha na Junta de Freguesia de São João e fui membro da Comissão Política Concelhia do PS.

– E surgiu o convite para se candidatar à freguesia do Beato…
– Como morava na freguesia comecei a relançar o partido no Beato e as coisas foram acontecendo naturalmente. Não nego que me coloquei à disposição do PS para vencer o Beato.

– Quais as prioridades para a freguesia?
– Queremos fazer uma aposta mais forte no espaço público e nos espaços verdes, tendo sempre a percepção que temos de saber construir coisas que não tenham grandes custos de manutenção. Temos que propor coisas novas à Câmara Municipal. Há demasiados espaços públicos abandonados há anos e anos. Já no âmbito da habitação, o Plano do Vale de Chelas vai influenciar muitíssimo esta zona e pretende requalificar as vilas operárias que existem na Estrada de Chelas. Tenho conhecimento das condições péssimas em que vivem ali algumas pessoas. Para estar em cima deste assunto criámos, há cerca de cinco meses, um gabinete técnico para a habitação.

– A criação de mais actividades desportivas também tem sido uma das prioridades.
– Sim, é uma aposta deste Executivo, por isso temos vindo a criar várias escolinhas desportivas. Temos de futebol e aeróbica e queremos implementar também de karaté. Oferecer actividades culturais à população também é uma preocupação. Temos já em funcionamento a oficina de ballet, a de informática vai iniciar brevemente, assim como de música e de teatro. O objectivo é formar um grupo de pessoas nestas áreas para que mais tarde possam prestar serviços à Junta de Freguesia. No fundo é aproveitar a prata da casa, o fruto da nossa própria formação.

– Quais as maiores dificuldades de gerir uma freguesia como o Beato?
– Penso que o facto de termos dois pólos distintos, a zona de Picheleira e a da parte de baixo, no Beato, divididos quase por uma fronteira física que é a linha férrea dificulta a gestão do território. Principalmente quando não há transportes públicos que façam esta ligação directa. Temos de ter esta distância sempre presente e descentralizar ao máximo as nossas iniciativas para que cheguem a toda a população.

– Quais as principais carências da freguesia?
– Não temos um centro de saúde, os utentes do Beato tem de deslocar-se ao Centro de Saúde de São João, com a agravante de não haver um autocarro directo da Picheleira, por exemplo. Outra grande falha são exactamente os transportes públicos. Para ir de uma ponta à outra da freguesia tem de se apanhar vários autocarros. É preciso rever esta situação urgentemente.

– Acha que o Beato foi esquecido?
– A nossa freguesia, assim como toda a zona oriental da cidade, foram completamente esquecidas. Mesmo depois da Expo, a zona ribeirinha não está potenciada. Em vez de se construir uma cidade virada para o rio está de costas voltadas e o Beato é um exemplo disso.

– O que acha do Expresso do Oriente?
– Acho uma ideia interessante e importante para a divulgação da zona oriental de Lisboa. Há problemas comuns a toda esta área e o aparecimento de um órgão de comunicação dirigido a esta zona será bastante benéfico para todos e poderá até ajudar a denunciar situações e a encontrar soluções.

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