Reportagem
Câmara ouve Marvila e Beato
O executivo da Câmara Municipal de Lisboa voltou a realizar mais uma reunião descentralizada e desta vez com as freguesias de Marvila e Beato juntas no mesmo espaço, o clube Victória de Lisboa. Tal como nas edições anteriores o objectivo foi dar a oportunidade à população destas duas localidades de exporem os problemas das suas freguesias directamente aos responsáveis autárquicos.
Na Freguesia do Beato as principais queixas prendem-se com a higiene urbana, as obras no edificado da Quinta do Ourives e o encerramento da passagem de nível da calçada da Picheleira. Hugo Xambre, presidente da Junta de Freguesia, aproveitou o uso da palavra para focar estas e outras questões.
Antes de mais elogiou a Câmara Municipal pela escolha do Vitória para a realização da reunião e apelou a que continuassem a apoiar a colectividade. “A actual direcção tem feito um excelente trabalho revitalizando o clube e espero que a autarquia apoie os sonhos que o Vitória tem.” Referiu ainda o Plano de Pormenor do Casal do Pinto que acredita ser um instrumento fundamental para o desenvolvimento integral e sustentável do Bairro da Picheleira, “visto que dará melhores ligações rodoviárias dentro do bairro e irá requalificar uma área significativa, mas que também permite a construção de espaços públicos, espaços verdes e equipamentos de qualidade”. Neste sentido, apelou ao executivo que tenha em conta que com o fim da passagem de nível da Calçada da Picheleira foi cortada a ligação directa da parte alta da freguesia à parte mais baixa (Estrada de Chelas e Xabregas). “É por isso necessário concluir o projecto da Avenida Francisco da Costa Gomes, que prevê a ligação destas duas zonas”.
Ainda sobre o edificado acredita que “estamos no bom caminho para a concretização das obras na Quinta do Ourives, nomeadamente, nos blocos A, B, C, D, G, H e F.”
No domínio do espaço público revelou que aguardam ansiosos pela colocação de novos postes de iluminação, algo que “virá dar resposta aos anseios da população”. Em relação à higiene urbana reconheceu que ainda existe um longo caminho a percorrer, “estamos melhor mas ainda continuamos com bastante lixo nos passeios, o que deriva do facto dos cantoneiros terem de se dividir entre a limpeza das ruas e o corte de mato das grandes
áreas”. Aproveitou para recordar que a Junta de Freguesia continua disponível para participar activamente na resolução destas questões, através da delegação de competências por parte da autarquia. A Mata da Madre Deus foi alvo de intervenção e transformada num exemplo de qualidade de espaço público para o usufruto da população”, contudo, relembrou que é necessário concluírem as obras.
Alertou também para a necessidade de alcatroamento completo de algumas artérias na Picheleira, Madre Deus, Bairro do Grilo e Quinta do Ourives. E solicitou que fosse arranjada uma solução para o Páteo 114, na Estrada de Chelas, “trata-se de uma obra que correu mal, deram cabo do piso já lá vai um ano e meio e até agora não resolveram o problema”.
Por fim, abordou a questão do Mercado da Picheleira, que desde que foi construído nunca foi alvo de melhoramentos, estando por isso em mau estado de conservação. A Junta de Freguesia mostrou-se disponível para assumir a gestão deste espaço desde que “possamos efectuar descontos à tabela de taxas da Câmara Municipal de Lisboa de forma a ter um aumento da ocupação do mercado”.
Marvila apela à limpeza urbana
Da parte de Marvila, o tema que esteve no centro das atenções dos fregueses ao longo de toda a reunião foi mesmo o espaço público e a necessidade urgente de intervenção. Todas as questões apresentadas pela população marvilense foram pertinentes, não são de fruto de circunstância.
O “próprio executivo camarário não deu o andamento devido em tempo útil”, revela o presidente da Junta de Freguesia Belarmino Silva. Explica em seguida que todas as situações apresentadas “já foram alertadas pela Junta de Freguesia a quem de direito mas, por vezes, parece que ninguém se quer mexer”. Continuou dizendo que existem “muitos espaços expectantes que precisam de ser cuidados e a própria população tem que começar a cuidar do seu bocadinho ao pé”. As hortas que grassam por tudo quanto é sítio e o Parque Hortícola de Chelas, não foram assuntos esquecidos.
Após a conclusão deste projecto é esperado que os vários núcleos de pequenas hortas da freguesia sejam deitados abaixo, por exemplo na zona da Flamenga, mas “convém ter em atenção que é necessário cuidar dos espaços que depois ficam danificados”. Os edifícios abandonados e
em mau estado de conservação são igualmente uma preocupação para esta autarquia local que pede para que sejam demolidos, uma vez que
representam um perigo para a população que circula na área contígua”. Belarmino Silva salientou a importância de haver uma delegação de competências, mas também de meios humanos e financeiros, “pois temos que ter atenção que as pessoas não trabalham de graça e que a Junta de Freguesia tem que ter mais meios.” No final, salientou que estas reuniões são benéficas, porque há “uma maior aproximação à população que pode fazer sentir aos vereadores da autarquia as suas preocupações e aspirações para que as coisas se possam resolver rapidamente”. Acrescentou ainda que “a CML tem que olhar para cuidar, espero que não fiquem fechados no gabinete e venham para a rua ver o que está mal. Estamos à espera para ver o que a Unidade Territorial da Zona Oriental vai fazer por esta área, em especial pela Freguesia de Marvila que talvez tenha as maiores carências nesta região.”