O Padrão dos Descobrimentos inaugura no dia 15 de Fevereiro a exposição “Belém | Demolir para Encenar”, que se reporta à Exposição do Mundo Português de 1940.
As profundas transformações que a zona de Belém sofreu nas vésperas da abertura da Exposição do Mundo Português, que o Estado Novo promoveu em 1940, são o centro de uma exposição que é inaugurada pelas 17 horas do dia 15 de Fevereiro, no Padrão dos Descobrimentos, e que abre ao público no dia seguinte.
Em comunicado, o Padrão dos Descobrimentos contextualiza a mostra da seguinte forma: “Em 1940, a Exposição do Mundo Português e Belém pareciam um só. O lugar ajudava a contar a história, gloriosa, do passado da nação: Mosteiro dos Jerónimos, rio Tejo, Praça Afonso de Albuquerque, Torre de Belém. A vasta dimensão do certame tomou conta do bairro e Belém, para além da Exposição, parecia não existir. O Estado Novo anunciava admiráveis transformações naqueles terrenos vazios, disponíveis para receber tão grande festa. Mas que lugar era este, antes de 1940? E em que lugar se tornou, finda a Exposição? Qual o papel deste evento no percurso urbano de Belém?”.
O bairro de Belém apresentava, além de terrenos incultos, “um núcleo urbano denso, variado, atractivo. Vivia-se e comerciava-se em ruas, travessas e largos consolidados ao longo dos séculos, em crescendo de urbanidade, desde que o Infante D. Henrique ali mandara construir uma primeira igreja, a de Santa Maria de Belém. Este núcleo urbano e popular complementava o carácter erudito e nobre conferido pelas quintas e palácios em redor – como o Palácio da Praia (onde hoje é o Centro Cultural de Belém), demolido apenas em 1962, ou o Palácio de Belém, transformado em residência oficial da Presidência da República, depois de 1910″.
Estes elementos foram sujeitos a um número significativo de demolições, para que se pudesse realizar a Exposição do Mundo Português. O bairro viu-se amputado de “muitas das suas valências: estrutura urbana, habitações, espaços comerciais, lugares de sociabilidade, mercado e mesmo edifícios patrimonialmente relevantes. Depois do certame, e durante décadas, o vazio. Hoje, no início do século XXI, a Exposição do Mundo Português permanece no lugar, em estruturas físicas que podemos ver e tocar, mas sobretudo de forma incorpórea”.
Comissariada por Pedro Rito Nobre, a exposição “Belém | Demolir para Encenar” propõe uma viagem pelas memórias ainda existentes no lugar e por outras que foram sendo apagadas.