Clube Desportivo Olivais e Moscavide: lançado para reconquistar o lugar que merece

O Clube Desportivo dos Olivais e Moscavide (CDOM) está lançado para reconquistar o seu espaço e reencontrar-se com a identidade do passado. Depois de se sagrar campeão da sua divisão, já se prepara a próxima época, em que o clube militará na 1.ª divisão da AF Lisboa.

Foi no dia 11 de Maio e a jogar em casa que o Olivais e Moscavide carimbou o título de campeão. Com uma vitória categórica por 4-0 sobre o Almargense, o plantel terminou da melhor forma possível uma temporada memorável, firmando o primeiro lugar da classificação com uma vantagem de quatro pontos sobre o mais directo perseguidor, o Catujalense, que nesse mesmo dia perdeu o seu embate.

A explosão de alegria foi intensa, vivida de forma especial pelas circunstâncias: trata-se de uma colectividade que reclama um lugar onde já esteve, e que luta contra os obstáculos que ainda impedem o seu pleno desenvolvimento.

Um clube grande… e grandes dificuldades

José Augusto Borralho, Presidente da Direcção do clube, lembra a grandeza do Olivais e Moscavide: “é um clube grande, apesar de estar na posição em que está; é um clube com muita responsabilidade e com uma dimensão cívica muito forte na zona onde está inserido”. Recorda depois as dificuldades encontradas quando chegou ao comando dos destinos do CDOM: “desde que estamos na Direcção do clube, há cerca de dois anos, que lidamos com inúmeras dificuldades e obstáculos”, das quais destaca os problemas financeiros e a questão do relvado.

Estes são, de resto, os dois principais projectos do futuro próximo da vida do CDOM. “A consolidação financeira é o nosso primeiro objectivo desde o primeiro dia”, uma vez que diz respeito à fundação das “bases do clube”, diz o Presidente. Quanto ao relvado, o dirigente justifica a necessidade de um campo sintético com a degradação do relvado natural, por acção das intempéries particularmente fortes do último Inverno e da grande quantidade de atletas (seniores e de formação) com treinos e jogos diários.

Mas não é só: “não temos uma única carrinha para fazer transportes, temos sido ajudados pela Associação de Jovens de Moscavide, que tem uma carrinha de 15 lugares, ou seja, nem dá para levar o plantel inteiro… Temos feito das tripas coração”, afirma José Borralho.

Amor à camisola

As provações do clube tornam ainda maiores as suas conquistas. O troféu de campeão tem um sabor especial devido às adversidades que estes lutadores tiveram de vencer ao longo da época: “para nós foi como se tivéssemos ganho o maior troféu possível. Todo o esforço desta gente, desde a Direcção aos técnicos e aos atletas, deu frutos e é mais do que merecido chegar onde chegámos depois de tudo o que passámos”.

O plantel totalmente amador, sem vencimentos ou prémios, viu o seu esforço recompensado desportivamente: “sem vencimentos, com alguns atletas a vir de longe para treinar e jogar, sinto que voltámos ao amor à camisola de alguns anos atrás”, conta José Borralho. E conclui: “o chegar ao título foi o coroar de um ano de trabalho árduo e uma explosão de alegria que não tem palavras”.

Uma ambição prudente para o futuro

O dirigente assume a sua Direcção como “realista”, mais do que ambiciosa, algo que afirma ser produto da sua formação em Gestão: “gostamos de ser ambiciosos nos objectivos, mas apenas quando a situação é estável, porque só se pode fazer projectos à la longue numa situação de estabilidade”. Por isso, prefere ser realista: “para o ano o objectivo será não descer de divisão. Claro que ao longo da época vamos ajustando as expectativas, sempre com os pés bem assentes no chão”.

Foi o que aconteceu esta temporada, com a alteração da meta a surgir como resultado do óptimo desempenho desportivo. No princípio da época, o objectivo era a subida de divisão, materializada na obtenção do quinto lugar. Ao atingir essa meta a cinco jornadas do fim, e ocupando confortavelmente o primeiro lugar da classificação, o CDOM assumiu naturalmente a conquista do título como objectivo, e não desiludiu.

Clube de fronteira passa a representar uma Freguesia

“Durante muitos anos vivemos na fronteira”, explica José Augusto Borralho. O clube nasceu onde hoje se situa a Gare do Oriente, a 1 de Setembro de 1912, como Rua Nova Football Clube. Antes de ser CDOM, foi ainda Clube Desportivo dos Olivais, tendo recebido Moscavide no nome ao mudar-se de malas e bagagens para a localização onde hoje se encontra.

“Tornámo-nos mais um clube da freguesia dos Olivais, mas os nossos sócios eram maioritariamente de Moscavide”, continua o Presidente. “Falava-se muito de que ganhávamos apoios dos dois lados [da Câmara Municipal de Lisboa e da de Loures], mas o que é certo é que é preferível receber uma boa fatia num dos lados do que apanhar migalhas dos dois”, lamenta.

A pertença a uma nova freguesia pode augurar um futuro diferente para o clube, no entender de José Borralho. “Hoje já não estamos no meio. Já não pertencemos nem aos Olivais nem a Moscavide, estamos na área geográfica do Parque das Nações. Esta é uma freguesia que apesar de muito recente herda um clube com 101 anos de história. Acho que tem o dever de nos dar o devido apoio e de olhar para nós com outros olhos. Afinal de contas, nós somos o clube do Parque das Nações”, remata.

Na rampa de lançamento

Dono de uma história de quase 102 anos, com uma missão de formação cívica muito vincada e com uma Direcção empenhada no regresso a mais altos voos, o Clube Desportivo dos Olivais e Moscavide aposta forte nos próximos anos.

O mote é dado por José Augusto Borralho: “a partir do momento em que as bases estejam consolidadas, como costumo dizer, não tenham pena do Olivais e Moscavide”!