DossierSociedade

Viva os Noivos!

Estamos a menos de quinze dias da data: a 12 de Junho, 16 casais dão o nó com a bênção do Santo Casamenteiro. São os Casamentos de Santo António 2016!

A tradição iniciou-se em 1958, ano em que, pela primeira vez, 36 casais se tornaram marido e mulher na Igreja de Santo António. A tradição está quase a fazer 60 anos, embora tenha havido uma interrupção a partir de 1974, que viria a durar 30 anos.

A Câmara Municipal de Lisboa decidiu recuperar a tradição, para não mais a deixar cair. Os Casamentos de Santo António assumem-se hoje como um marco incontornável da tradição popular de Lisboa, a par do desfile das Marchas Populares, dos arraiais, das sardinhas e dos manjericos!

Este ano, o EXPRESSO do Oriente conversou com oito casais para ficar a conhecer as suas histórias. Em todos os encontros se tornou óbvio o amor que une estes noivos, uma “ansiedade boa” que domina as sensações por estes dias e… um entusiasmo muito especial das noivas com a prova do vestido!

 

resized_Casais Santo António - Ana Pires e Raúl Rosa (Beato) (10)Ana Pires e Raúl Rosa, ambos do Beato, de 23 e 26 anos, começaram a namorar depois dos anos de escola. “Houve um dia em que me cruzei com a Ana, fui logo com a cara dela, mas parece que do lado dela não aconteceu exactamente o mesmo. Tive de subir muitos degraus até chegar lá!”, confessa Raúl.

Ambos empregados de balcão, concorreram aos Casamentos de Santo António porque era um sonho antigo de Ana: “Sempre tive esta ideia de que quando casasse tinha de ser uma noiva de Santo António”…

Raúl é marchante desde 2008, primeiro no Beato e depois no Alto do Pina. Temos campeão, portanto! “Estou muito habituado à euforia das Marchas, mas como este ano vai ser diferente sinto um bichinho novo… é tudo muito novo, muito diferente, que vamos viver pela primeira vez. No fundo, a nossa vida vai dar uma volta e isto vai fazer parte nessa volta”.

Escolheram a Mata da Madre de Deus para a entrevista, um local onde namoraram muitas vezes às escondidas e que consideram “fantástico”. E é lá que nos dizem que “a vida tem de ser vivida uma coisa de cada vez, o escadote sobe-se degrau a degrau, que é para não cair entretanto. Um dia de cada vez!”.

 

resized_Casais Santo António - Paula Horta e Henrique Pinho (Penha de França) (6)Paula Horta e Henrique Pinho, de 35 e 34 anos, vivem na Penha de França. Eram colegas de trabalho na AMI quando tudo começou, ela empregada de limpeza e ele vigilante. Houve uma frase que despoletou o romance: “Os beijinhos não se mandam, dão-se!”, exclamou Henrique, que explica a questão do seguinte modo: “Ela quando se despedia dizia sempre «adeus, até amanhã, beijinhos» e eu respondia «um dia hei-de cobrar os beijinhos todos!»”. Parece que a “boca” e as “indirectas” funcionaram mesmo!

Paula, que se lembra bem do dia em que atendeu a chamada que confirmava a selecção para os Casamentos, conta que nem ia atender o telefone porque não conhecia o número. Mas quando ouviu a voz do outro lado desatou logo a chorar de emoção! “Comecei aos gritos e veio uma vizinha perguntar se tinha acontecido alguma coisa”.

“Saiu-nos o euromilhões”, resume Paula. Quanto ao vestido de noiva, revela que sempre tinha pensado que aquele que a levasse às lágrimas seria o ideal. E assim aconteceu: “o primeiro que vesti, desatei logo a chorar porque senti que era perfeito”.

 

resized_Casais Santo António - Paula Almeida e João Fernandes (Marvila) (6)Paula Almeida e João Fernandes, de 22 e 21 anos, ela de Benfica, ele de Marvila, vivem juntos na freguesia oriental há um ano, depois de cinco de namoro.

Conheceram-se num curso de empreendedorismo e nem sequer de deram especialmente bem nesse contexto: “até chocámos um pouco, mas dois dias depois do curso encontrámo-nos e foi aí que tudo começou”, conta João.

“Ele tinha o facebook bloqueado para desconhecidos e eu tive de penar um pouco para conseguir chegar lá. Começámos a falar e desenvolveu-se uma grande confiança”, recorda Paula.

A ideia da candidatura aos Casamentos de Santo António partiu do João, que só contou à noiva quando já sabia que tinham sido chamados para as primeiras entrevistas. O pedido foi feito no mesmo sítio onde o namoro tinha começado, “nos jardins do antigo Funcenter do Colombo. Foi no mesmo banquinho e tudo!”, acrescenta Paula com um sorriso de orelha a orelha, o mesmo sorriso que não conseguia esconder quando experimentou o “vestido lindíssimo” que vai levar no dia 12 de Junho.

Certo é que na cozinha lá de casa manda o João, ou não fosse ele cozinheiro! Quanto aos filhotes, gostavam de ter três, “mas nunca sabemos se a economia o permite… pelo menos dois! A primeira pode ser uma menina porque a minha sogra só teve meninos; a minha mãe só teve meninas mas já tem um neto…”, refere Paula.

 

resized_Casais Santo António - Rita Santos e Diogo Ferreira (Marvila) (4)Diogo Ferreira e Rita Santos, de 26 anos, foram apresentados por uma amiga comum que “achou que ficávamos bem juntos”. Nas palavras de Diogo, “Houve um jogo do engate, não foi uma coisa automática. Ela fez-se de difícil!”.

“Sempre quisemos casar, só que a disponibilidade financeira não permitia. Não há casamentos baratos. Já temos casa e pensámos: vamos tentar. O ano passado não tivemos sorte, este ano concorremos outra vez e conseguimos”, contam-nos durante um passeio pela Mata do Vale Fundão. Rita estava a trabalhar quando recebeu a chamada da Câmara com a novidade, “um momento muito emocionante, indescritível”. Ficou tão eufórica que Diogo não percebeu nada do que ela dizia: “tive de dizer para ela respirar fundo e explicar-me o que se passava”.

Têm um filho com quatro anos que ainda não percebe muito bem o que significa os pais irem casar-se. O resto da família está muito muito ansiosa, dos dois lados…

Rita foi marchante na Marcha do Beato há três anos, enquanto Diogo gosta de acompanhar a Marcha de Marvila porque tem lá muitos amigos: “Costumo ir passar a noite ao 1.º de Agosto esperar os resultados, pode dizer-se que faço parte da claque”.

 

resized_Casais Santo António - Marta Luís e Paulo Cardoso (9)Marta Luís e Paulo Cardoso, de 26 e 25 anos, conheceram-se na Penha de França e são dois orgulhosos fregueses, mas vêm bem do Norte: Paulo de Barcelos, Marta de Monção! Dois minhotos que se conheceram em Lisboa, ela educadora social, ele pasteleiro.

“Encontrávamo-nos no dia-a-dia, porque quando eu saía do trabalho ali ao meio dia via a Marta na Paiva Couceiro ou por ali na hora de almoço dela”, recorda Paulo.

Os olhares começaram a cruzar-se e foi assim que tudo começou. Algumas saídas depois, idas ao cinema e ao teatro, passeios… perceberam que tinham muitas coisas em comum. Marta aproveitou o namoro para mostrar Lisboa a Paulo, uma vez que já cá está há 12 anos e ele apenas há dois. “É interessante não sermos de cá mas transferimo-nos para Lisboa e aqui fazemos a nossa vida e projectamos o nosso futuro. Foi a cidade que escolhemos”, referem os noivos.

Os miradouros foram importantes no namoro: “passámos muito tempo em todos. Este do Monte Agudo transmite-nos muito. Aliás, começámos a namorar no Miradouro de Santa Luzia. Outros que gostamos mais são o da Graça e o de Nossa Senhora do Monte”.

O pedido de casamento ocorreu durante um jantar, com o anel escondido na sobremesa: um bombom de chocolate. Delícia!

 

resized_Casais Santo António - Filipa Martins e Manuel Ribeiro (15)Filipa Martins e Manuel Ribeiro, de 30 e 31 anos, conhecem-se desde os tempos de escola secundária em Marvila, mas estão inscritos pelos Olivais.

Manuel esteve fora, em Inglaterra; “voltei porque estava sempre a ouvir a Filipa a chatear-me ao telefone. Ela já estava querer ir para lá à minha procura e eu poupei-lhe o trabalho!”, conta com ironia. “Estávamos destinados a mais uma oportunidade”.

Ela empregada de balcão, ele pasteleiro, contam que “não houve um pedido oficial porque a vida nunca permitiu grandes sonhos. As oportunidades não abundam, nunca sentimos que pudéssemos casar por uma questão de orçamento”. Depois de não terem sido seleccionados em 2015, este ano conseguiram cumprir o sonho!

Filipa já foi marchante nos Olivais, há mais de 10 anos. “Gostamos muito da tradição dos santos… dos arraiais, das marchas, dos bailes e, aqui nos Olivais também há muita animação, não é só em Alfama”. Mas Manuel é “um pé de chumbo”, graceja Filipa.

“Quando começámos éramos muito imaturos, mas os passeios, as surpresas, as idas ao cinema, as idas à praia e o romantismo, tornaram tudo mais sério, mais especial”, asseguram.

 

resized_Casais Santo António - Mafalda Botelho e Paulo Ferromau (11)Mafalda Botelho e Paulo Ferromau, de 23 e 25 anos, voltaram a encontrar-se em contexto de trabalho, depois de terem seguido caminhos distintos após os tempos de escola. Ela recepcionista e ele taxista, na mesma empresa, estavam destinados… só pode!

“Começámos a falar das marchas, eu fui marchante seis anos em Marvila”, explica Paulo. “Daí a conversa fugiu para os Casamentos de Santo António, decidimos concorrer e acabámos seleccionados”. “Se não fosse essa ajuda neste momento não era possível”, acrescenta Mafalda. “Este ano, como ele diz, vai descer a Avenida doutra maneira”.

Era difícil largar o táxi e ir trabalhar quando Paulo estava ao pé da sua agora noiva… E a menos de um mês do grande dia, as coisas vão acontecendo “todas ao mesmo tempo!”.

A conversa com o EXPRESSO do Oriente acontece no Parque das Nações, local que frequentam bastante com a cadela Súria, para “comer um geladinho e namorar”.

 

resized_Casais Santo António - Jéssica Almeida e Leandro Alves (3)Jéssica Almeida e Leandro Alves, de 20 e 28 anos, vão fazer um ano de namoro a 17 de Maio. Já se conheciam de vista e tinham amigos em comum, mas foram as redes sociais que proporcionaram o contacto. Ambos do Bairro da Flamenga, Marvila, contam o que os cativou no outro: o Leandro é o tipo de homem ideal para Jéssica. Além do físico, é carinhoso, compreensivo, simpático e amigo. O lado genuíno, os olhos, o sorriso e a simpatia da Jéssica conquistaram o Leandro.

O pedido de casamento foi feito num jantar romântico: “foi uma surpresa bonita que lhe fiz em pleno restaurante”, conta Leandro. Jéssica recorda: “os meus pais estavam presentes, estava tudo planeado, só eu é que não sabia. Foi algo inesperado e inesquecível, muito original!”.

Já o primeiro beijo aconteceu em plena festa do título do Benfica, no meio da confusão… isto apesar de Jéssica ser… do Sporting! A rivalidade é saudável e fica só no plano da brincadeira.

Ela assistente turística, ele operador de armazém, falam de uma “ansiedade misturada com surpresa e com a magia do acontecimento”.

“Todos os anos vemos as Marchas, gostamos dos arraiais e do bailarico”. Leandro diz que nunca teve jeito para dançar mas que está entusiasmado com a valsa. Jéssica afirma que “hoje em dia o número elevado de separações e o custo de casar acaba por dar origem a menos casamentos”, mas tal não demove este jovem casal: “não cedemos perante qualquer barreira que possa surgir”, afirma Leandro.

Ver mais

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Close