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Órgão de tubos do século XVIII volta ao Palácio de Queluz

A Capela Real do Palácio Nacional de Queluz está a ser objecto de uma intervenção integral de conservação e restauro. Um dos grandes objectivos é permitir a perfeita e funcional reintegração do órgão histórico de tubos do século XVIII, que vai voltar ao local original ao fim de mais de 100 anos.

Num projecto que abarca a multiplicidade de técnicas artísticas e decorativas, todos os revestimentos decorativos, que incluem madeira policromada, pintura sobre tela, painéis de azulejo e talha dourada, estão a ser conservados e restaurados. Os trabalhos contemplam, igualmente, os espaços contíguos − como a Sacristia, as salas adjacentes, as zonas privadas do piso superior e as áreas de ligação entre os dois pisos − com o objectivo de restituí-los à fruição do visitante, melhorando a experiência de visita ao Palácio.

As intervenções de carácter estrutural visam dotar a Capela Real das condições necessárias à integração do órgão histórico de tubos construído no século XVIII por Machado e Cerveira, cujo restauro está a decorrer. A instalação do instrumento ao centro do Coro Alto requer a criação do espaço destinado a albergar toda a mecânica sonora, implicando a renovação da copa de apoio a eventos, localizada no piso inferior da Capela.

Pensa-se que o órgão em causa pertencia ao Palácio da Bemposta e que terá vindo para Queluz em 1778. Instalado no Coro Alto da Capela, ali permaneceu até 1916, ano em foi desmontado na totalidade. Apenas a sua frontaria foi recolocada no lado direito do Coro Alto, mas, mesmo essa parte foi removida em 1988, ficando a Capela sem vestígios deste instrumento até à actualidade.

Findas as intervenções de conservação e restauro, o órgão setecentista da Capela Real do Palácio Nacional de Queluz, que possui um total de 2428 tubos, regressará ao local original, para voltar a ser escutado em todo o seu esplendor.

Prevê-se que os trabalhos se prolonguem até ao final do primeiro trimestre de 2024, com a visitação condicionada no interior da Capela. No entanto, os visitantes poderão acompanhar o decorrer da intervenção através dos óculos instalados em painéis junto à entrada do espaço.

A Capela Real é uma das divisões mais antigas do Palácio Nacional de Queluz. Sendo um espaço físico de contemplação e de religiosidade própria da época, nela tinham lugar as pequenas cerimónias reais e as missas privadas da Família Real. Foi concebida pelo arquitecto Mateus Vicente de Oliveira, no século XVIII, e corporiza os traços característicos do seu autor: as cores, a luz, o emprego da cúpula num espaço tão exíguo (elemento sempre presente nas construções religiosas que projetou) e as formas.

O revestimento a talha dourada é obra do entalhador Silvestre Faria Lobo. O retábulo da capela-mor representa Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Queluz, e é da autoria de André Gonçalves, enquanto os painéis dos altares laterais, alusivos a São Francisco de Paula e à prisão de São Pedro e São Paulo, foram pintados por Pedro Alexandrino.

O projecto global de conservação e restauro da Capela Real e do seu órgão histórico de tubos representa um investimento total de cerca de um milhão de euros.

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