Reportagem

Bebés institucionalizados recebem “Amor ao Quadrado” vindo de Marvila

Na Secundária Dom Dinis, em Marvila, um grupo de senhoras juntou-se para dar “Amor ao Quadrado”.

São professoras, funcionárias e ex-alunas. Em comum têm o gosto por trabalhos manuais, mais particularmente pelo crochet ou pelo tricot, e a vontade de colocar a sua habilidade ao serviço dos bebés mais desfavorecidos.

Reúnem-se à volta de uma mesa larga, na biblioteca da escola, e ali passam o tempo a exercer uma actividade que tem tanto de solidária como de terapêutica. Os alunos já nem estranham vê-las a tricotar, com as lãs de cores vivas dispostas sobre a mesa, alheias aos restantes utilizadores do Centro de Recursos, aos seus trabalhos de grupo ou pesquisas na internet.

A ideia surgiu da professora Lourdes Rosa, que ouviu falar de um projecto semelhante noutras paragens. Desafiou a colega Manuela Carrondo, que “é das artes e tem imenso jeito para estas coisas”, e juntas deram início ao projecto “Amor ao Quadrado”, no início do 3.º período do passado ano lectivo.

Até o ano acabar, ou seja, até ao mês de Junho, conseguiram um total de 20 mantas que ofereceram em partes iguais a duas instituições: a Casa do Gil e a Aldeia SOS. “A Casa do Gil acabou por trazer aqui à escola um menino e uma menina que se abraçaram a nós e foi um momento muito especial”, recorda com um sorriso a professora Lourdes.

O “Amor ao Quadrado” e as mantinhas solidárias encaixaram que nem uma luva no novo atelier Experiment’Arte, que acontece à segunda-feira na biblioteca da escola e que foi pensado para trabalhos manuais variados. O número de participantes varia; no dia em que fizemos a nossa visita havia sete pares de mãos a tricotar.

“Este projeto é dedicado à comunidade escolar, para que todos possam aprender a trabalhar com o que quiserem, num regime de experimentação livre. Mas queremos estender aos moradores da zona, sobretudo através da Associação de Moradores”, explica a professora Manuela. “Temos colegas que levam as lãs e fazem em casa, outras que fazem só aqui, e outras ainda que fazem as duas coisas. Não temos muitos alunos porque os horários são complicados, dificilmente compatíveis com as aulas e com os apoios”, acrescenta.

Nem precisamos de perguntar às entusiastas dinamizadoras do projecto se tiram prazer desta actividade: “Sabe, isto também tem propriedades terapêuticas”, nota a professora Lourdes. “Hoje em dia fala-se tanto de stress… estes trabalhos são óptimos para aliviar o stress!”.

Ao despedirmo-nos, olhamos para o centro da mesa, onde podemos ver as mantinhas que vão abraçar os bebés de outras instituições a designar pelas responsáveis do projecto.

Bom trabalho!

Um pedido especial…

Para haver mantinhas é preciso matéria-prima, ou seja, lãs. Até aqui, todos os custos têm sido suportados pelas próprias artesãs. O projecto “Amor ao Quadrado” apela ao donativo de todos os que quiserem ajudar, bastando para isso entregar as ofertas na Escola Secundária Dom Dinis, em Marvila, ao cuidado da professora Manuela Carrondo.

 

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