Reportagem

Parque das Nações: uma missão cumprida

Com 22 milhões de visitantes por ano e 15 mil habitantes o Parque das Nações conquistou uma nova centralidade na cidade de Lisboa. O projecto que nasceu há mais de uma década é hoje um exemplo de uma qualificação urbana de sucesso.

– Qual o balanço que faz deste projecto?
– O que marca a gestão da Parque Expo relativamente ao Parque das Nações é a concretização efectiva de um projecto. Quando o projecto foi aprovado, há dez anos, era um plano no papel e hoje distingue-se pela sua concretização quase em pleno. A Parque Expo foi constituída para concretizar dois projectos, a Expo 98 e a requalificação desta área da cidade de 330 hectares que estava absolutamente degradada, por isso, muitos dos projectos realizados para a Expo 98 foram pensados para ficar após a exposição. É gratificante ver que este espaço continua a ser usufruído pela população. É uma sensação de missão cumprida.

– Apesar do sucesso que é hoje este projecto, há infra-estruturas essenciais que nunca chegaram a sair do papel, como um centro de saúde, escolas, equipamentos desportivos.
– Sim, mas nem tudo o que está previsto no plano depende da Parque Expo. A empresa construíu uma série de edifícios para a exposição que permaneceram, mas há um outro conjunto de equipamentos que compete a outras entidades construir, como o centro de saúde, as escolas e os equipamentos desportivos. Os terrenos previstos para receber estes equipamentos estão libertos para que as entidades competentes os edifiquem como previsto.

– No entanto, a população reivindica junto da Parque Expo estas infra-estruturas.
– Sim, é verdade que nos chegam muitas reclamações, mas a Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações sabe que não é da nossa responsabilidade.

– Há uma boa relação entre a Parque Expo e a Associação?
– Sim, há. Claro que a associação desempenha o seu papel ao defender o interesse dos moradores e comerciantes, que nós compreendemos. Existe um conjunto de reclamações às quais nós correspondemos e outras que não podemos corresponder ou porque não estão no nosso âmbito ou porque o custo para as considerar seria muito significativo. Uma das maiores reclamações tem a ver com o trânsito e o estacionamento, mas nós de facto não temos poder de fiscalização para contrariar o estacionamento abusivo, nem para multar, nem para rebocar. Mas esta é uma situação que se resolverá quando a gestão deste espaço público for transferidas para as Câmaras de Lisboa e Loures.

– Porquê este atraso na transferência da gestão do Parque das Nações?
– É nosso desejo transferir a gestão urbana para os municípios, o que se passa é que os municípios ainda não desenvolveram todo o processo para receber o espaço público e a Parque Expo sendo uma empresa pública não pode deixar de gerir o espaço enquanto as Câmaras não o recepcionarem. Recentemente as Câmaras manifestaram interesse em retomar a criação de uma entidade tripartida para gerir este território, estamos praticamente a concluir a actualização da documentação que tinha sido preparada em 2001, para que procedam à sua reanálise e decidam se avançam para a constituição da sociedade tripartida. Penso que esta decisão será célere, e que brevemente ficará decidido se é constituída a sociedade ou não, se não for, as Câmaras receberão, nos próximos meses, o território para gestão directa do espaço público. Penso que seria benéfico existir uma gestão partilhada, porque existem diversos equipamentos e infra-estruturas que vão ser partilhados pelas duas Câmaras.

– Acha que a criação da Junta de Freguesia do Oriente seria benéfica?
– Essa é uma questão meramente política que a Parque Expo não comenta.

– Podemos comparar o Parque das Nações com um condomínio privado?
– Não é um condomínio porque o acesso não é restrito, está aberto ao usufruto de todos e com enorme afluência. Procuramos uma gestão racional, temos contratos estabalecidos com empresas especializadas na manutenção dos espaços verdes, na limpeza das ruas, e a recolha do lixo. Os parques de estacionamento à superfície são explorados pela Parque Expo, os subterrâneos são privados, os parquímetros também são nossos. Temos a responsabilidade de gerir o espaço, não temos é capacidade de fiscalizar o incumprimento.

Quanto custa a gestão do Parque das Nações?
– Não sei os números de cor, mas são de facto alguns milhões de euros por ano. As receitas são pequenas, as receitas principais como as taxas, o IMI, as licenças de construção e de habitação ficam nas Câmaras. Há aqui um desequilíbrio claro entre a Parque Expo e as Câmaras, porques estas arrecadam as receitas e a Parque Expo suporta os custos. Mas está definido que as Câmaras vão ressarcer a Parque Expo destas despesas.

– Que novas empresas e equipamentos se vão instalar no Parque das Nações?
– Estamos na fase final do Parque das Nações, vendemos os terrenos, mas não nos compete a nós decidir o que se vai instalar aqui. Vi nos jornais que os tribunais virão para o Parque das Nações, mas a Parque Expo não está envolvida nas negociações. Vamos sabendo a nível informal. Sabemos que no antigo bowling vai ser a sede de uma grande seguradora. O local onde era a Praça Sony vai receber uma unidade hoteleira e um centro de congressos.

– Em que ponto está a situação da Marina do Parque das Nações?
– É um projecto que não correu bem, o local escolhido não foi feliz porque tem de facto muito açoreamento, e neste momento está em fase de conclusão o projecto de recuperação da marina. Foi aprovado o estudo prévio e neste momento está a ser concluído o projecto de execução para se lançar o concurso para a empreitada. Há condições para recuperar a marina e esperamos que isso venha a acontecer a curto prazo. Ainda não podemos avançar uma data porque há questões que se prendem com o financiamento da obra que ainda não estão esclarecidas. Há condições para no primeiro semestre de 2007 se iniciar a obra. A sua execução será de 15 meses, portanto lá para 2008 deverá estar concluída.

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