DestaqueDossierLocalNacional

Multidão nas ruas assiste à passagem do cortejo fúnebre de Mário Soares

Os restos mortais de Mário Soares foram esta terça-feira, dia 10 de Janeiro, sepultados no Cemitério dos Prazeres. Desde o Mosteiro dos Jerónimos até à sua morada final, o antigo Presidente da República recebeu um banho de multidão.

Um dos momentos altos das exéquias fúnebres de Mário Soares teve lugar na cerimónia celebrada nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos. Intervieram neste momento emotivo os filhos, Isabel e João Soares, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

Depois de se ter ouvido a voz de Mário Soares, num discurso proferido na assinatura do Tratado de Adesão à CEE, em 1985, os filhos evocaram a ternura e o respeito que sentem pelo pai; entre os discursos de João e Isabel Soares, também se escutou a voz de Maria Barroso, mulher do fundador do PS, falecida em 2015, com a declamação do poema “Os dois sonetos de amor da hora triste”, de Álvaro Feijó.

Das palavras dos restantes intervenientes, regista-se um reconhecimento profundo do contributo de Mário Soares para a democracia portuguesa, bem como as características pessoais que o levaram a dedicar-se à vida política, à defesa da liberdade e à recusa do radicalismo. O primeiro-ministro António Costa discursou através de vídeo gravado a partir da Índia, onde se encontra em visita de Estado; Ferro Rodrigues classificou Mário Soares como o “militante número 1 do PS e da democracia”; Marcelo Rebelo de Sousa destacou-o como “símbolo” e “construtor da portugalidade”.

Abrilhantou a cerimónia a actuação do coro e orquestra do Teatro Nacional de São Carlos, que interpretou, entre outras peças, um belíssimo Requiem de Fauré.

Enquanto a urna abandonava o edifício, uma esquadrilha de seis aviões F-16 sobrevoou o Mosteiro.

Escoltado pela Guarda Nacional Republicana, a cavalo, o cortejo fúnebre seguiu do Mosteiro dos Jerónimos com destino ao Cemitério dos Prazeres, passando pelo Palácio de Belém, Fundação Mário Soares, Assembleia da República e Largo do Rato. Muitas pessoas acorreram às ruas e concentraram-se em diversos locais, acenando com lenços brancos ou batendo palmas.

Recorde-se que nesse mesmo largo, onde se localiza a sede do Partido Socialista, o partido disponibilizou vários livros de condolências e o público fez fila para inscrever os seus sentimentos no dia anterior, segunda-feira. Também à porta da casa onde vivia Mário Soares foram depositadas flores e noutros pontos ligados à vida daquele que é descrito como “um dos maiores políticos do século XX em Portugal”. Na imprensa internacional, o acontecimento suscitou interesse, com um reconhecimento geral do importante papel de Mário Soares como dirigente político.

Já no interior do Cemitério dos Prazeres, as Forças Armadas acompanharam o corpo do ex-Chefe de Estado, numa altura em que se ouviram 21 tiros de artilharia disparados pela Marinha a partir de uma fragata fundeada no Tejo.

Assim decorreu o primeiro funeral com honras de Estado em democracia.

Ver mais

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Close