DossierReportagem
“Magia por um canudo” – Artesanato com papel de revista
São peças únicas, as que saem das mãos de Anabela Martins. As folhas das revistas deixam de valer pelas suas notícias, mexericos ou escândalos do Jet-7 para passarem a compor cestos, caixinhas, bonecas…
Tudo começou quando Anabela Martins se viu no desemprego. Aos 58 anos, e convivendo diariamente com uma realidade desesperante – a de não conseguir encontrar emprego em lado nenhum – decidiu lançar-se num projecto novo que lhe desse prazer, lhe ocupasse os dias e não implicasse um grande investimento.
Ora, como diz o provérbio popular, a necessidade aguça o engenho, e Anabela descobriu que tinha jeito para o artesanato: começou a fazer coisas em papel. “Foi uma coisa que surgiu naturalmente… às vezes até penso como é que é possível eu conseguir fazer isto e nunca ter reparado?”, confessa divertida a artesã.
Sara Vieira é o braço direito da mãe. Além de a auxiliar na elaboração das peças (sobretudo na parte da bijuteria), também se encarrega da componente de relações públicas: promoção do “negócio”, inscrição nas feiras, gestão da página do Facebook… É ela que nos explica: “começámos há cerca de dois anos na feira “Coisas e Loisas”, organizada pela Junta de Freguesia de Moscavide e Portela”. Depois de perceberem que tinham “algum sucesso”, porque “as pessoas gostavam e compravam”, sentiram a “necessidade de expandir”: “começámos a ir então para outras zonas, participar em feiras e eventos: no Mercado da Ribeira, no Centro Cultural de Belém, em Cascais”…
O nome “Magia por um canudo” resultou de um brainstorming familiar em que vários nomes estiveram em cima da mesa. O vencedor acaba por descrever de forma feliz o trabalho que fazem: peças “mágicas”, feitas de canudos de revista.
“Os canudos são a nossa base de trabalho”, conta Sara Vieira: “primeiro temos de cortar as revistas, depois enrolamos em canudos e por fim colamos. Falta depois levar um verniz por cima para ganhar a resistência de que precisa para ser útil e aguentar-se no tempo”. E a palavra magia justifica-se: “quando uma pessoa olha para uma revista, não está à espera que possa dar presépios, bonecas, figurinhas de Santo António, candeeiros de mesa ou de tecto, molduras, espelhos, caixas”…
Sara ajuda a mãe desde o início. Por ter outra actividade profissional, dedica ao artesanato as horas vagas e acompanha sempre Anabela nas feiras. De resto, diz que é a mãe a “personagem principal”.
Um exemplo magnífico de como nunca devemos desistir, mesmo que tudo pareça perdido.
Muitos parabéns pela “magia” do vosso trabalho !