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Lançamento do livro “Egoísta mas não só”

resized_Egoísta mas não só (2)Perante uma sala cheia de familiares e amigos, repleta de ilustres personalidades da sociedade portuguesa, Mário Assis Ferreira lançou a sua obra “Egoísta – mas não só”.

Trata-se de uma obra singular que reúne os 61 editoriais do autor, director da revista “Egoísta”, publicados ao longo de 15 anos. A obra acaba por ser também uma homenagem à “Egoísta”, lançada em 2000 pela Estoril Sol, que se tornou a mais premiada revista de cariz cultural ininterruptamente publicada em Portugal.

Os textos são publicados pela ordem inversa à que foram originalmente escritos para a revista, isto é, do mais recente, “15 anos – o esculpir de uma Ideia”, saído em Junho de 2015, até “Ecce a Egoísta”, datado de Janeiro do ano 2000.

Entre os convidados figuravam individualidades do mundo da política, da cultura, da economia… Enumeramos as presenças, a título de exemplo, de Jorge Sampaio, de Ramalho Eanes, de Vasco Lourenço, de Sampaio da Nóvoa, de Maria de Belém, mas também do ministro Paulo Macedo, do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, ou de distintos empresários do panorama nacional.

Depois da representante da editora Gradiva iniciar a apresentação da obra contando a história de um carteiro seu conhecido que ficou apaixonado pela revista “Egoísta”, calhou aos amigos Guilherme d’Oliveira Martins e Daniel Gouveia dirigir algumas palavras de reconhecimento, de respeito e de louvor ao trabalho publicado e à vida do autor.

Egoísmo como valor de singularidade

O director do Centro Nacional de Cultura não deixou de invocar o nome do falecido Vasco Graça Moura, pessoa muito querida ao autor, nem de Agustina Bessa-Luís. Ambos os nomes são atribuídos aos prémios literários promovidos pela Estoril Sol.

resized_Egoísta mas não só (1)Falando de “Egoísta mas não só”, Guilherme d’Oliveira Martins refere que “A palavra egoísta não tem outro significado nesta revista que Mário Assis Ferreira tem animado e dirigido com tanta paixão que não seja o de dar valor à singularidade da pessoa. A capa deste livro lembra o cachimbo de Magritte, que como sabemos representa um paradoxo. Afinal em que ficamos: altruísmo ou egoísmo? São duas faces da mesma moeda. A verdade é que a moeda não poderia existir sem os dois lados diferentes e complementares”. Classificando Mário Assis Ferreira como um homem generoso, aberto e disponível, avançou um conselho para o nosso país ousar sair da “crise das identidades e das culturas” em que se encontra: “exige imaginação, criatividade e que comecemos a olhar mais para nós próprios”.

Já depois de Daniel Gouveia evocar os tempos da adolescência e juventude do autor, recordando com saudade o Quinteto Académico e as digressões musicais que rendiam “cinco contos ou pouco mais”, Mário Assis Ferreira fez uma resenha do seu percurso de vida para explicar porque não podia escrever uma obra autobiográfica: “se escrevesse uma ficção, seria interpretada como uma biografia; se escrevesse uma biografia, provavelmente seria vista como uma ficção. A verdade é que fiquei no meio-termo”, declarou com humor.

Em 61 editoriais, o autor acaba por se expor de um modo de certa forma biográfico, abordando vastos temas: “revejo-me integralmente naquilo que um dia escrevi, reconheço-me plenamente na coerência com que abordei temas de transversal universalidade e ressinto-me na fragilidade e frustração de um mundo, que se mudou, não mudou seguramente para melhor”. A perenidade dos temas abordados justifica-se porque “o mundo, na sua adversidade, não corrói princípios, antes reforça valores” e porque nada pode “pôr em causa o valor de princípios que são o berço da nossa civilização e o esteio da nossa cultura humanística”.

O autor terminou confessando que “cada escrito deste livro é a transposição de um trecho vivido, de uma alegria festejada, de uma lágrima contida. Por isso, a gratidão que devo à Egoísta”. Apontando que usou “o coração a escrever e a mente a camuflar”, concluiu: “Consegui dizer pensando aquilo que seria fácil de dizer sem pensar”.

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