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De Gondomar para a Serra da Estrela – Ovelha de filigrana em tamanho real

A Joalharia do Carmo, em Lisboa, apresentou na sua quase centenária loja uma verdadeira obra de arte com cerca de 15 quilos em filigrana, nada mais, mada menos que a figura de uma ovelha Bordaleira, a raça autóctone da Serra da Estrela. A figura, em tamanho real, esteve exposta naquela ourivesaria até ao início de Dezembro mas desde o dia 8 está no Centro Interpretativo da Ovelha da Serra da Estrela.

O artista desta obra de alta joalharia é Arlindo Moura, acompanhado pela sua equipa de 17 artesãos, num trabalho de excelência que fabricou na oficina que em tempos pertenceu ao seu avô. Arlindo tem 37 anos e é o mais novo dos ourives que se dedicam à arte da filigrana, uma espécie de rendilhado em fio de ouro ou prata, característico do Norte do país, neste caso, oriundo de Gondomar.

A ovelha demorou quatro meses e meio a ficar pronta, num trabalho delicado, persistente e dedicado de Arlindo Moura, que estudou ao pormenor as características deste ovino típico da Serra da Estrela. A genética, a musculatura do animal, os traços característicos, a cabeça alongada, os olhos expressivos, o tamanho, o tipo de chifres em espiral e que são proeminentes mesmo nas fêmeas, nada escapou ao olho clínico do artista que pretende honrar com toda a precisão o Ovelha Bordaleira. E para isso deslocou-se diversas vezes de Gondomar à Serra da Estrela com o intuito de estudar a espécie que dá o rico leite de que se faz o verdadeiro queijo Serra da Estrela, um produto de excelência com mais de 1300 anos de tradição e Denominação de Origem Protegida, a famosa sigla DOP. Nada foi descurado por forma a homenagear, da mais honrosa forma, a raça Bordaleira que, para além do leite, é uma excelente fonte de pura lã.

Esta valiosa peça de ourivesaria em filigrana, uma arte classificada como Património Cultural Imaterial, é composta por 7 quilómetros e meio de fio de prata dourada, tem 110 cm de comprimento, 90 cm de altura e cerca de 45 cm de largura está agora exposta no Centro Interpretativo da Ovelha Serra da Estrela, uma espécie de museu integrado num edifício do século XVIII, onde, ao longo dos três pisos que o compõem, se conta a história da ovelha e dos produtos a ela associados, assim como se explica a rota da transumância ligada a esta espécie única no mundo, a sua importância económica, histórica e cultural na região.

O Centro de Interpretação da Ovelha Serra da Estrela fica em Santa Marinha, Seia.

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