C. D. Olivais e Moscavide volta à competição

O Clube Desportivo dos Olivais e Moscavide está de volta à competição na categoria de futebol de seniores. Após três anos de ausência, devido a alguns impedimentos financeiros, o clube regressa com uma direcção empenhada em chegar longe. Um regresso que foi, porém, algo atribulado.

Foi há cerca de um ano e meio que José Augusto Borralho assumiu a direcção do clube. Nessa altura, o CDOM encontrava-se ao abandono e há três anos que estava proibido de ter uma equipa de futebol de seniores.

“Quando chegámos aqui não havia nada. O sistema de rega não funcionava, os muros eram em chapa e não podíamos ter uma equipa de seniores porque não havia o pagamento das verbas aos jogadores”, conta.

Deu-se, então, início a uma nova fase, em que se procedeu à construção dos muros em betão, à criação de uma loja, aumentou-se o espaço das bilheteiras e realizou-se um acordo com o Sindicado dos Jogadores Profissionais de Futebol para resolver a situação dos atletas.

“Mal assumimos a direcção tentámos renegociar as dívidas com os jogadores, através de um acordo. Cada jogador tem uma verba a receber e nós estipulámos que todos os meses entregaríamos 2 mil euros ao sindicato, que ficaria encarregue de
definir que parte deste valor seria paga a cada jogador. A partir de Agosto, passámos a pagar, apenas quinhentos euros, uma vez que a dívida de alguns jogadores foi ficando liquidada. Entretanto, também já começámos a pagar o acordo que iríamos ter entre 2015 e 2018, e a nossa previsão é que em Maio de 2015 todas as nossas dívidas estejam pagas”, explica o dirigente.

Com toda a situação regularizada, o clube estava confiante de que tinha reunido as condições necessárias para inscrever a sua equipa de seniores no campeonato da Associação de Futebol de Lisboa, no entanto não teve autorização para tal. Desde o passado mês de Agosto, a direcção tem feito de tudo para provar ao sindicato que merece a sua confiança e que não é justo o CDOM estar a ser prejudicado. Foi apenas a três dias de começar o campeonato que o clube viu finalmente a sua situação resolvida e conseguiu, no dia 6 de Outubro, que a sua equipa sénior subisse ao relvado do Estádio Alfredo Marques
Augusto para disputar a 1.ª jornada do Campeonato Distrital da II Divisão da Associação de Futebol de Lisboa contra o Jeromelo.

Início de Campeonato em festa
Para assinalar o regresso do CDOM à competição, o clube decidiu dar início à partida de forma especial, fazendo uma homenagem ao sócio número um, Luís Rodrigues.

Como recompensa pela sua dedicação, foi-lhe oferecido uma camisola do clube e ficou a seu cargo o pontapé de saída da partida. Um momento especial que o adepto, de 88 anos, nunca irá esquecer. São exemplos destes e associados com esta paixão, que a direcção do clube quer voltar a conquistar.

“Chegámos aqui sem sócios nenhuns, porque foram todos abandonando o clube. Presentemente já temos 200, o que representa apenas um décimo dos sócios que já teve, mas temos a noção de que as pessoas quando chegam aqui já começam a ver as coisas com outro aspecto e começam a aproximar-se a pouco e pouco”, afirma José Augusto Borralho.

O jogo, que se tornou marcante também por ter sido o primeiro jogo de futebol federado na nova freguesia do
Parque das Nações, contou com a presença do presidente local, José Moreno, a quem foi entregue um galhardete da
colectividade.

Com a criação da nova freguesia do Parque das Nações, o CDOM espera agora poder usufruir de maiores apoios, uma vez que até então, o facto de estar entre dois municípios fazia dele um clube quase “sem tecto”.

“Este clube sempre teve dificuldades devido ao território que ocupa. Estamos dentro de Lisboa, mas também em Moscavide, que pertence a Loures. Quando pedimos ajuda à Câmara de Lisboa dizem-nos que somos de Loures e vice-versa. Assim, aquilo
que muita gente diz, que vamos comer aos dois lados é verdade, mas também é verdade que só comemos uma migalha de cada parte. O que é muito pouco em relação aos clubes que estão numa só freguesia e que levam uma grande fatia do bolo”, salienta o dirigente.

O novo autarca local, que está ligado ao Olivais e Moscavide há cerca de 50 anos, garante que a colectividade poderá contar com o seu apoio. “Este clube centenário honra muito a nossa freguesia e vai ter, obviamente, todo o carinho dos órgão autárquicos. E eu serei o primeiro na sua defesa”, afirmou José Moreno, frisando, no entanto, que será necessário identificar as carências do clube, bem
como as possibilidades da autarquia, para encontrar pontos de equilíbrio que permitam ajudar “ao engrandecimento desta colectividade”.

Futuro definido
Com a sua situação financeira quase regularizada, e uma grande vontade de fazer renascer a corporação que comemorou este ano 102 anos de vida, a direcção tem já definidas as suas ambições a curto prazo.

No final deste ano, a colectividade espera obter o apoio da autarquia local e da Câmara Municipal de Lisboa para colocar um piso sintético e pretende fazer um campo de futebol de 7, no espaço que é actualmente ocupado por um ringue.

Quanto à sua oferta desportiva, o CDOM continua a contar com equipas de futebol nos escalões de veteranos, liga empresarial, seniores femininos e masculinos, juniores, juvenis, iniciados, infantis, benjamins e escolinhas e uma equipa de triatlo.

Neste fim-de-semana, para além dos seniores, que acabaram por vencer o embate com quatro golos sem resposta, entrou também em competição a equipa de juniores, que frente ao Ericeirense somou a sua primeira vitória no campeonato, por 3-1. Resultados que demonstram que esta direcção está empenhada em vencer, dentro e fora de campo, e que tudo fará para conquistar novos sócios, trazendo de volta ao seu estádio o espírito de união e fervor clubístico.