Reportagem

Agricultura em Tempos Livres

 

Sem TítuloA Escola de Jardinagem de Lisboa voltou a abrir as suas portas a todos aqueles que procuram, como forma de entretenimento, adquirir conhecimentos básicos sobre jardinagem. Hortas Urbanas e Multiplicação de Plantas são as formações que fazem parte dos Cursos Livres de Jardinagem que, entre Abril e Maio, ensinam técnicas de preparação, plantação e manutenção de culturas agrícolas.

Durante cinco semanas, todos os sábados de manhã, os alunos dos Cursos Livres de Jardinagem reúnem-se nas zonas de plantação da escola para mais um dia dedicado à actividade agrícola. Os alunos destes cursos são, na sua maioria, profissionais de outras áreas, que encontram nos Cursos Livres de Jardinagem uma forma de se entreterem com uma actividade que é, igualmente, educativa.

“O meu objectivo era abstrair-me daquilo que faço a nível profissional. Sou arquitecta e quis arranjar um hobbie. Tenho tido muito trabalho e precisava de dedicar algumas horas a algo que não tivesse nada a ver, mas que fosse útil e que desse para descontrair”, explica Raquel Capelo, que se inscreveu no curso graças ao marido, que após algumas pesquisas, considerou que esta era a melhor oferta para aquilo que a mulher procurava.

Para a directora do Departamento de Desenvolvimento e Formação, a troca de conhecimentos entre os formandos e a escola é uma vantagem na realização dos cursos. “As pessoas que têm afluído a estes cursos têm diferentes faixas etárias e diferentes graus de habilitações académicas. Esta situação proporciona um grande enriquecimento para a escola, através do contacto com as diversas vivências de cada formando”, diz Luísa Dornellas.

A paixão pelo campo é outro dos motivos que leva as pessoas a optarem por inscrever-se na formação. “Sempre gostei do campo. Sempre me identifiquei com o cheiro da terra e foi isso que me inscrevi. Além disso, como desempregado, e embora saiba que não irei arranjar um emprego nesta área em Lisboa, acredito que pode ser um complemento àquilo que quero fazer na vida”, conta António Saraiva.

Poder aplicar estes conhecimentos, no seu dia-adia, é o objectivo dos participantes, que, na sua maioria, possuem pequenos quintais ou varandas.

“Tenho uma varanda onde possuo alguns vasos de flores e achei que era interessante ter também alguma parte em horta, porque tenho uma filha com cinco anos e quero mostrar-lhe que os legumes crescem na terra”, diz Raquel Capelo.

Hortas Urbanas

Dividido em duas turmas, o curso de Hortas Urbanas pretende dotar os participantes de conhecimentos técnicos de Hortícultura e Jardinagem. O seu objectivo é que os formandos possam, posteriormente, aplicar as técnicas aprendidas em casa.

“Neste curso ensinamos a cultivar uma pequena horta urbana, com culturas que possam ser aproveitadas para uso doméstico, para que as pessoas possam aproveitar um pequeno quintalinho ou uma pequena floreira que tenham em casa”, explica o professor Paulo Lopes.

 As aulas começam sempre com uma parte teórica onde se explica o que se vai fazer, havendo depois tempo para os formandos irem para o terreno colocar os conhecimentos em prática.

“As primeiras aulas são de preparação do terreno, plantação e sementeira das culturas e depois passamos para a manutenção destas mesmas culturas ao longo das 5 semanas do curso”, acrescenta o professor.

João Paulo, também professor, conta que os alunos são “pessoas bastante curiosas, que já tiveram algum contacto com a agricultura e que vêm agora reavivar a memória sobre algumas técnicas”. Não apresentam, por isso, grandes dificuldades na execução das técnicas aprendidas. A utilidade dos cursos é reconhecida pelos alunos que, em casa, arranjam qualquer cantinho onde possam dar uso ao que aprendem.

“Moro num apartamento e tenho uns canteiros na varanda. Existe sempre qualquer coisa que se pode fazer em casa, nem que sejam só ervas aromáticas para cozinhar. Saber não ocupa espaço”, defende António.

Multiplicação de plantas

Desempregada, Maria Alice viu na jardinagem uma opção que lhe poderia abrir portas para regressar à vida activa. Depois de fazer um curso de jardinagem noutra instituição, decidiu continuar a apostar na sua formação, num curso com uma maior vertente prática: “Gostei da matéria de reprodução das plantas e decidi inscrever-me pois sei que aqui tinha mais oportunidade de trabalhar com a terra, ao contrário do que acontecia no outro curso que continha demasiada carga teórica”. Seguir esta área, é o sonho da aluna que já faz planos para levar os seus conhecimentos além fronteiras. “A minha intenção é seguir esta área. Tenho utilizado as técnicas que aprendi em casa, num quintal que tenho, mas o meu objectivo é levar esta prática para Angola, onde quero abrir um negócio próprio de plantas e flores”, confessa.

A multiplicação vegetativa, nomeadamente a divisão de tufos, rizomas ou cales subterrâneos, são alguns dos conteúdos programáticos deste curso, que para a professora Paula Morgadinho são sempre uma mais-valia.

“É muito importante que as pessoas tenham conhecimentos de agricultura. É fundamental para que ganhem alguma consciência e tenham algumas noções a nível de cidadania, para que possam fazer a sua participação na mesma”, defende.

Fugir à confusão, na cidade

Para além da parte educativa, os cursos Livres de Jardinagem permitem, também, que os alunos tenham a possibilidade de fugir, por momentos, à confusão da cidade sem saírem dela.

O bom ambiente criado entre todos é um dos motivos de satisfação dos alunos, que afirmam “que o tratamento e as condições que lhes são proporcionados são excepcionais”. Motivo pelo qual, alunos e professores acabam por perder a noção do tempo e as aulas acabem por se prolongar para além do tempo que é previsto.

A satisfação pelos Cursos acaba, também, em muitos casos por levar a que os alunos se inscrevam noutros cursos, continuando a apostar na sua formação e contribuindo para o sucesso da missão da Escola: formar, educar e sensibilizar a população para a jardinagem,permitindo o reconhecimento da vertente artística desta actividade.

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