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Academia promove convívio entre alunos

É numas instalações cedidas pela Segurança Social que funciona a Academia do Centro Social e Paroquial de Olivais Sul. Ali são leccionadas 42 disciplinas a cerca de 300 alunos. Para muitos é o regresso à juventude, à escola e recordar muitas das matérias esquecidas.

Já lá vai o tempo em que reforma era sinónimo de aborrecimento. Já lá vai o tempo em que a solidão batia à porta de muitos olivalenses, teimando em nunca mais partir. Há mais de 11 anos que a Academia do Centro Social e Paroquial de Olivais Sul foi criada pela mão de uma sócia fundadora e do padre da paróquia.
A Segurança Social cedeu então o espaço que ainda hoje é ocupado pela Academia que com o passar dos anos e com a crescente procura se tornou pequeno para acolher todos aqueles que quiseram fazer parte da família. Hoje, as aulas estão espalhadas pelas várias salas da paróquia e espaço é coisa que não sobra. No entanto, a boa-vontade tem movido montanhas e já há quem não dispense a sua academia. Encontrámos um grupo de senhoras sentadas a uma mesa. Bordavam segundo os ensinamentos da professora. “Hoje somos poucas”, apressaram-se a dizer, “muitas já foram de férias de Páscoas. Isto costuma estar cheio”. Ainda assim, quisemos conversar com algumas e ouvir na primeira pessoa o testemunho de quem deixa a lida da casa para aprender mais e, claro, dar dois dedos de conversa. Maria do Céu Graça, 75 anos, confessou ao EXPRESSO do Oriente que na academia se sente em casa: “Aqui distraio-me, já fiz grandes amizades e como me sinto bem faço por vir o mais possível”.
Para Jorgina Martins, 64 anos, a academia é o seu porto de abrigo para assim dizer adeus à solidão. Se não fosse “aquela casa” estaria sozinha, se calhar em frente à televisão. “Assim estou sempre acompanhada e quando vou para casa o tempo já não custa a passar”.
Muita da boa disposição destas alunas é fruto da professora Maria de Lurdes que após a reforma decidiu optar por uma nova carreira. De sorriso nos lábios e com uma boa disposição contagiante explica como a academia entrou na sua vida: “A minha primeira carreira terminou em 1991 e decidi desenvolver o gosto pelos bordados, por isso transmito aquilo que sei às pessoas que gostam de aprender”.
A arte de bordar tem muito que se lhe diga, mas acima de tudo “entusiasma as pessoas, porque apela muito à criatividade”. Lídia Fernandes, da direcção da Academia do Centro Social e Paroquial de Olivais Sul, continuou a visita às instalações que agora são dispersas. “Já somos muitos e torna-se difícil gerir o espaço, mas com boa-vontade tudo se consegue”.
No salão da paróquia encontrámos um grupo bem afinadinho, o Grupo Coral da Academia. Composto por cerca de 40 elementos a vaidade naquilo que fazem salta à vista. Nas suas actuações a perfeição é a nota dominante, até porque os ensaios são rigorosos. Noutra sala, um grupo de dez senhoras assistia a uma aula de saúde e socorrismo. Maria Alcinda, 79 anos, estava no papel de professora. Isto porque para além de ensinar, também frequenta as aulas de alemão, educação musical e literatura. Médica de profissão, Maria Alcinda ainda dá consultas no seu consultório médico, mas o tempo livre gosta de o passar em boa companhia. Há dez anos que frequenta a academia e a troca de conhecimento é o mais valioso: “Tem sido uma experiência muito rica pela relação de amizade que se estabelece. Aqui não há qualquer competição, logo é uma mais valia”.
Lídia Fernandes garante que a direcção faz tudo para estimular os alunos, por isso promove, anualmente, uma exposição com os trabalhos desenvolvidos pelos professores e alunos da academia. Todas as semanas há passeios culturais e ao longo dos anos com o empenho de todos tem sido possível concretizar os objectivos. Para o ano, o número de disciplinas vai aumentar, apesar das instalações também precisarem de crescer. No entanto, a intenção número um de tirar os olivalenses de casa tem sido amplamente alcançada. Quem estiver interessado, então anote: as inscrições para a Academia do Centro Social e Paroquial de Olivais Sul abrem em Setembro.

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