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Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural atribuído a Carlos do Carmo

O Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural foi atribuído a Carlos do Carmo, figura ímpar do meio artístico nacional, que se distinguiu, durante mais de cinco décadas, como uma das vozes mais relevantes do fado e que com o seu talento projectou o nome de Portugal a nível internacional.

O Júri do prémio instituído pela Estoril Sol deliberou atribuir a quinta edição do galardão a Carlos do Carmo, por ser uma “individualidade exemplar numa área que Vasco Graça Moura muito prezava e para a qual contribuiu com numerosos poemas: o Fado”.

Da acta do Júri, presidido por Guilherme d`Oliveira Martins, ressalta que Carlos do Carmo, “proveniente de uma família ligada ao Fado, desde cedo se revelou uma das suas principais vozes. Os prémios nacionais e internacionais que obteve pela qualidade das suas edições discográficas, onde surge como um dos maiores intérpretes de um Fado que ele soube renovar, dão conta de uma das mais exemplares carreiras do panorama artístico português. Desde cedo que a sua voz soube quebrar fronteiras, atravessar gerações, tornando o Fado uma manifestação artística de expressão universal. Essa expressão universal foi determinante para a Candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade, de que Carlos do Carmo foi um dos embaixadores”.

Carlos Alberto do Carmo Almeida é um dos intérpretes de Fado mais reconhecidos em todo o mundo. Filho único da  fadista Lucília do Carmo e do livreiro e empresário Alfredo Almeida, nasceu em Lisboa, a 21 de Dezembro de 1939. Carlos do Carmo estabeleceu, bem cedo, uma relação íntima com o fado. Aventurou-se por novos registos, escolhendo criteriosamente o seu repertório, no qual sobressaem letras de nomes consagrados como, por exemplo, José Carlos Ary dos Santos. A sua vasta discografia inclui clássicos como, por exemplo, “Por Morrer uma Andorinha”, “Bairro Alto”, “Gaivota”, “Canoas do Tejo”, “Os Putos”, “Lisboa Menina e Moça”, “Estrela da Tarde”, “Pontas soltas”, “O homem das castanhas” ou “Um homem na cidade”. Com o tema “Flor de Verde Pinho” (baseado no poema de Manuel Alegre), representou Portugal no XXI Festival Eurovisão da Canção, em 1976.

Foi, também, um Embaixador do Fado em vários países, passando por grandes e prestigiadas salas de espectáculo, como o Olympia de Paris, ou as Óperas de Frankfurt e de Wiesbaden, além do Canecão do Rio de Janeir ou o Savoy de Helsínquia. A nível nacional são de salientar os numerosos concertos no Salão Preto e Prata do Casino Estoril, bem como outras actuações na Fundação Gulbenkian, Mosteiro dos Jerónimos, ou no Centro Cultural de Belém.

Um dos momentos incontornáveis da sua carreira surgiu, em 2014, quando recebeu um Grammy Latino de carreira por excelência musical. Foi premiado numa das categorias mais consideradas, o “Lifetime Achievement”, entregue pelo conjunto da obra produzida ao longo da carreira e não devido ao êxito obtido com determinada canção ou álbum. Nesse mesmo ano, foi distinguido com o Prémio Personalidade do Ano – Martha de la Cal, da Associação Imprensa Estrangeira em Portugal.

No ano seguinte, em 2015, recebeu a “Grande Médaille de Vermeil” da cidade de Paris, “a mais alta distinção” da capital francesa, e, um ano depois, foi-lhe atribuído o título de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, da Presidência da República.

Ao longo da carreira coleccionou outros prestigiantes prémios: é Cidadão honorário da cidade do Rio de Janeiro, membro da Honra do Claustro Ibero-Americano das Artes, passando por outras distinções, como o diploma conferido pelo Senado de Rhode Island, nos Estados Unidos, pelo seu contributo para a divulgação da música portuguesa, o Globo de Ouro de Mérito e da Excelência, o Prémio da consagração de carreira da Sociedade Portuguesa de Autores, até ao reconhecimento Nacional com a Ordem do Infante D. Henrique.

Recorde-se que, no passado dia 9 de Novembro, Carlos do Carmo encerrou a sua carreira artística, dizendo adeus aos palcos com um último concerto realizado no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

Instituído pela Estoril Sol, o Prémio, com periodicidade anual, foi criado em homenagem à memória de Vasco Graça Moura. Nas edições anteriores foram distinguidos Eduardo Lourenço, José Carlos Vasconcelos, Vítor Aguiar e Silva e Maria do Céu Guerra.

A cerimónia da entrega do prémio será anunciada oportunamente.

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