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Fábrica Braço de Prata

 

Bracinho de PrataUma livraria e uma gigante oficina de artes

Com sete anos de existência, a Fábrica Braço de Prata continua a ser uma caixinha de surpresas para todos quantos a visitam. Quisemos conhecer o espaço e perceber o seu encanto.

“Ninguém sabe muito bem o que a Fábrica é. E isso tem sempre jogado a favor do que lá acontece”, podemos ler no seu site. Nascida a partir de uma livraria do Bairro Alto chamada “Eterno Retorno”, reproduz o modelo de programação dinâmico que aquele pequeno estabelecimento desenvolveu nos primeiros anos do século XXI.

A “Eterno Retorno” já tinha, na sua altura, concertos, debates e cafés filosóficos. A Fábrica tem tudo isso e mais ainda. O conceito foi ampliado à escala de um grande edifício que em tempos produziu material de guerra, com salas amplas e um espaçoso pátio interior.

Uma livraria onde tudo acontece

O EXPRESSO do Oriente falou com Sílvia Rebelo, programadora-geral da FBP, que nos traça o retrato de “uma livraria onde tudo acontece”. A identidade da Fábrica foi definida desde o princípio – fez sete anos em Junho – e é assim que vai continuar a ser. Um espaço “onde não actuam só músicos e artistas consagrados, mas também onde bandas, artistas plásticos e companhias de teatro que estão a nascer têm espaço para mostrar o seu trabalho”. “Não somos selectivos quanto ao género… qualquer género cabe na Fábrica, desde que tenha qualidade, porque mantemos sempre um grande respeito pelo público”, acrescenta.

De quarta-feira a sábado, o público é convidado a percorrer as salas, porta a porta, e a assistir a três/quatro concertos por noite, mesmo sem saber o que vai encontrar. A ideia é que possa procurar pelo espectáculo que lhe diga mais em cada momento. As artes plásticas, a dança, a música e as oficinas de temáticas variadas prometem despertar cada um dos cinco sentidos.

Há sempre espaço para surpresas

É interessante notar que não existe um planeamento a médio prazo na FBP. Sílvia Rebelo explica-nos que, “ao contrário de qualquer centro cultural que se preze, neste espaço não temos um planeamento a seis meses ou um ano… Temos de garantir que temos sempre espaço para as surpresas”. E conclui: “se um projecto que vem do Brasil, da China ou de outro sítio qualquer nos diz que daqui a um mês quer expor aqui o seu trabalho, queremos de ter um lugar disponível”.

Os preços de bilheteira variam consoante o dia da semana. A totalidade da receita de bilheteira reverte para os artistas da noite, em partes iguais para cada um, sem que a FBP cobre qualquer percentagem. A única fonte de rendimento que permite a sobrevivência da Fábrica é o bar/restaurante onde são servidos petiscos e refeições e onde têm lugar festas particulares e jantares de grupo.

Bracinho de Prata (8)Bracinho de Prata

A mais jovem aposta da FBP chama-se Bracinho de Prata. Como nota a programadora-geral, tanto é “jovem” porque se dirige a crianças e adolescentes como porque nasceu apenas em 2013.

Surgiu como “uma tentativa de recriar para os pequeninos o que é a Fábrica Braço de Prata durante a noite para os adultos”. Todas as tardes de sábado, entre as 14h e as 18h, têm lugar dois espectáculos e uma oficina em permanência para que as crianças tenham uma experiência semelhante à dos adultos à noite: “andam de sala em sala a ver o que acontece, vêem um espectáculo de teatro numa sala, depois um espectáculo musical na sala seguinte, depois uma oficina de artes plásticas, de voz ou de música”…

“A experiência foi muito satisfatória”, diz-nos a responsável, “porque as crianças começaram a trazer os amigos, a fazer aqui as suas festas de aniversário”… E daí nasceu uma segunda ideia: criar as oficinas de férias do Bracinho de Prata. São oficinas artísticas que começaram em Junho, terminaram na segunda semana de Setembro e que serão retomadas nos períodos de férias lectivas (Natal, Páscoa, etc.).

Para percebermos melhor como funcionam, Sílvia Rebelo conta que “esta semana estamos com um trabalho de iniciação ao teatro e aquilo que acontece é que as crianças chegam na segunda-feira e vão inventando uma história que desenvolvem ao longo da semana. Em paralelo, realizam trabalhos de cenografia e outros, que lhes permitem ter uma peça de teatro montada na sexta-feira com cenários e figurinos construídos por eles”.

Entre as obras realizadas contam-se não só peças de teatro «convencionais» mas também filmes de animação e fotonovelas! “O importante neste formato é fazê-los perceber que não é algo imposto ou ensinado, é uma descoberta que vão fazendo, experimentando”.

Fabrica Braço de Prata  BeatoProjecto novo a tomar forma

Das oficinas de férias nasceu “uma terceira ideia que já começa a ganhar fisicalidade”: uma nova proposta de oficinas artísticas em permanência durante a semana, das 9h às 19h.

“Queremos que os pais possam deixar as suas crianças (a partir dos dois anos de idade) no Bracinho de Prata conforme as suas necessidades, de acordo com os seus horários. Pode ser uma manhã, duas tardes, a semana inteira, o mês inteiro…”, revela Sílvia Rebelo. “Teremos oficinas de dança, iniciação ao instrumento, audiovisuais, para ocupar o tempo das crianças fora da escola”.

Esta iniciativa serve para pais que têm horários laborais fora do normal e que procuram algo que estimule os filhos, com monitores especializados e profissionais das artes que acompanham as crianças. A data da inauguração deste novo ramo do Bracinho de Prata esta prevista para princípios de Outubro.

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