Reportagem

Marina do Parque das Nações sem barcos há quatro anos

O “maior tanque de lama da Europa” em que ficou convertida a Marina do Parque das Nações constitui hoje uma das péssimas imagens que são passadas aos turistas que visitam o local. É para que esta realidade se inverta que a Associação Náutica da Marina do Parque das Nações luta diariamente.

– A Marina esteve activada durante a Expo 98. O que aconteceu depois?
– Após a Expo 98, os responsáveis da Parque Expo mudaram as posições dos seus gabinetes, em vez de estarem voltados de frente para o rio, e continuar a dignificar o tema dos oceanos, viraram-se para terra e abandonaram completamente a Marina que ficou sem qualquer manutenção. O problema do açoreamento (quantidade de lama que se vai acumulando) foi- se agravando até que em 2002 os pontões acabaram por ser destruídos por um temporal e retirámos as nossas embarcações.

– Onde estão actualmente?
– Neste momento todas as pessoas que compraram postes de amarração têm as suas embarcações em vários portos de Lisboa e estão à espera que esta marina esteja a funcionar. É o arrastar de um processo… Neste momento temos o pagamento do estacionamento garantido pela sociedade gestora da Marina, mas de facto nós comprámos os postos de amarração aqui, e é aqui que pretendemos ter os nossos barcos.

– O que foi feito entretanto para resolver o problema?
– Entre 2001 e 2003 houve um embróglio jurídico para tentar resolver o problema da Marina. A Parque Expo ficou como depositária dos bens da Marina, o processo decorreu em Tribunal, até que em Julho de 2003 houve um decisão do Tribunal Comercial de Lisboa, decisão essa que criou a empresa Marina do Parque das Nações que se responsabilizou por colocar a Marina de novo em funcionamento. Faziam parte dessa sociedade a Parque Expo e uma série de credores. Neste momento o BCP é o sócio maioritário na sociedade. Entretanto, em 2004 fomos recebidos por esta sociedade que se comprometeu a terminar rapidamente o novo estudo daquilo que seriam os trabalhos de recuperação da marina dando como certo o regressso das embarcações no final de 2004. Fizemos pressão para que a marina estivesse pronta em 2004 por causa do Europeu de Futebol, havia muitos jornalistas em Lisboa e da maneira que isto está foi uma péssima imagem de Portugal.

– Mas neste momento as obras estão bem encaminhadas?
– As marinas de rio exigem um trabalho de dragagem periódica e a solução para este caso é fazer uma comporta para controlar o açoreamento de modo a manter a sua viabilidade. Actualmente, uma plataforma de sondagens está a efectuar um estudo na Bacia Sul da Marina para se lançar um concurso público de dragagem da bacia. Sabemos que estas sondagens vão durar quatro meses, mas nunca foi anunciado o projecto da obra global. Apesar de termos solicitado mais informação sobre este assunto à sociedade gestora, nomeadamente, as “milestones” do projecto e a data de regresso das embarcações, não obtivemos, até ao momento, qualquer resposta. Esta situação cria-nos, como é óbvio, bastante apreensão, já que, o projecto de recuperação da marina parece continuar embebido no ciclo dos “estudos e mais estudos”, sem que seja tomada qualquer decisão.

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