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Burlas em tempo de Covid-19

No primeiro trimestre de 2020, o Portal da Queixa registou 1377 reclamações relativas a esquemas de burla e fraude, representando um aumento de 34% face a 2019, onde foram registadas apenas 1024 reclamações, por isso, esta plataforma alerta a comunidade online para as 5 principais burlas que estão a ser praticadas.

1 – Roubo de montantes financeiros através da aplicação da SIBS – MB WAY

Os números do Portal da Queixa apontam para um aumento destes casos, na ordem dos 391%, face ao período homólogo. Nos três primeiros meses deste ano, foram registados na plataforma 118 casos, (entre Janeiro e Março de 2019 foram 24 casos).

A solução de pagamento MB WAY da SIBS é extremamente segura e com uma enorme aplicabilidade no dia-a-dia dos consumidores. Aliás, tem vindo a ser essencial nesta fase de confinamento dos portugueses e de combate ao vírus Covid-19, nomeadamente, para a aquisição de bens de consumo, mantendo a possibilidade de distanciamento social, entre o comprador e o vendedor. Contudo, são muitos os consumidores que ainda não têm o conhecimento suficiente acerca da forma correcta de utilização desta aplicação, sendo por isso frequentemente alvo de burla no processo de venda de objetos entre particulares.

O método utilizado continua a ser o mesmo, ou seja, o potencial comprador – que é o alegado criminoso -, convence a vítima (interessada no produto à venda), que apenas o pode pagar por MB WAY. No seguimento, convida a vítima a dirigir-se a uma caixa MULTIBANCO e colocar o seu cartão bancário, acedendo ao registo na aplicação MB WAY. Nesse momento, consegue de forma ardilosa que a vítima coloque o número de telefone do alegado burlão, como titular do acesso à conta, permitindo a este o levantamento imediato de montantes em dinheiro. De seguida, desliga o telefone, deixando a vítima sem dinheiro na conta.

2 – Mensagens de texto (SMS) e emails fraudulentos em nome dos CTT

Têm sido vários os consumidores que, nos últimos dias, receberam um e-mail ou uma SMS em nome dos CTT, com falsos conteúdos para efetuarem o pagamento de uma taxa, no sentido de desbloquear a encomenda de um equipamento telefónico de última geração, que aguarda na alfândega. Ora, o valor proposto, além de muito inferior ao equipamento, alega igualmente que foi ganho num concurso e, por apenas 1€, o consumidor poderá receber esta fantástica oferta. Será necessário reforçar que o intuito do endereço da ligação para efetuar o pagamento, remete para um site onde o principal objetivo será recolher todos os dados bancários que o utilizador irá fornecer, com vista à utilização indevida destes dados, para acesso às contas bancárias, através do conhecido processo de phishing.

3 – Mensagens de texto (SMS) e e-mails fraudulentos, para pagamento imediato de dívida com a EDP ou a MEO

Têm sido relatados casos de consumidores que são aliciados ao pagamento de uma dívida inexistente, tanto ao fornecedor de eletricidade ou de telecomunicações, com um prazo muito reduzido – normalmente refere “nas próximas horas” -, sob pena de ser efectuado o corte do serviço.

Um ponto em comum nestas comunicações está relacionado com o horário em que são enviadas, normalmente ao final do dia, com vista a que o consumidor (vítima) não tenha a possibilidade de contacto com o prestador e assim efetue o pagamento, com receio de não ficar privado do serviço.

É importante que os consumidores não efectuem nenhum pagamento que não seja enviado diretamente pelo fornecedor do serviço. Para avaliar a fiabilidade do remetente, os consumidores devem estar atentos a sinais como o e-mail usado para o envio, a forma de escrita, se não contém erros ou traduções com erros gramaticais, a forma de pagamento, mesmo que por referência bancária, deve sempre pesquisá-la no Google para despistar a burla através da opinião de alerta de outros consumidores. Em caso de dúvida, não pague e remeta a queixa para as autoridades policiais.

4 – Envio de Mensagens de texto (SMS) com passatempos fraudulentos em nome da Worten ou Continente

A forma enganosa no envio de uma mensagem de texto (SMS) dando a notícia de que é vencedor(a) de um passatempo/sorteio e ganhou um prémio, é antiga, mas continua a ser utilizado com bastante frequência junto dos consumidores portugueses.

O objetivo é levar a vítima a pensar que foi vencedora de um sorteio e para recolher o prémio, basta clicar numa ligação que a levará para o preenchimento de um formulário. Ora, este formulário servirá para roubar dados pessoais e bancários, como também efectua a subscrição para o recebimento de SMS’s de valor acrescentado com um custo a rondar os 5€ semanais e a serem retirados do saldo de telecomunicações da vítima. Tanto a Worten como o Continente, já alertaram no devido tempo, que não efetuam sorteios e/ou passatempos nestes moldes e aconselham sempre os consumidores a consultarem os sites e redes sociais das marcas, por forma a validarem os passatempos que estarão a decorrer. É aconselhado que nunca efetuem o preenchimento de dados em sites que não conheçam. No caso de desconfiarem da fonte, devem sempre abandonar o site e efetuar queixa nas autoridades policiais.

5 – Venda de equipamentos de proteção individual para o combate à Covid-19

Devido à escassez de produtos como máscaras de proteção nas farmácias e supermercados e ao elevado aumento do preço destes produtos, são muitos os consumidores que se arriscam a comprar pela internet. Ora, não é aconselhável a compra destes produtos em sites que não apresentem as mínimas garantias de idoneidade na entrega e no preço praticado. Exemplo disso, são sites estrangeiros que vendem, não só, máscaras de protecção, como gel desinfectante e medicamentos que combatem o vírus. Este tipo de endereços online são totalmente desaconselhados e devem ser denunciados às autoridades nacionais e europeias pela gravidade da prática criminal que usam. Para isso, será necessário estar atento a sinais, como a falta de certificado de segurança dos sites (vulgo cadeado verde que se encontra na barra de endereço do navegador de internet), procurar por contactos reais como telefone e morada física da empresa vendedora (de forma a poder identificar caso seja necessário) e, principalmente, efetuar uma pesquisa exaustiva nos motores busca e no Portal da Queixa, na tentativa de encontrar testemunhos de outro consumidores, com vista a validar a idoneidade do site em causa.

Em matéria de consumo, o confinamento decretado veio expor o consumidor, mais do que nunca, por necessitar de utilizar com maior frequência as plataformas digitais, colocando-o numa posição de maior vulnerabilidade. A tendência de casos de burla e fraude é crescente, segundo Pedro Lourenço, CEO do Portal da Queixa e embaixador da Comissão Europeia para os Direitos dos Consumidores.

De referir que, o Portal da Queixa já está no terreno, com várias ações de alerta junto dos consumidores e, brevemente, lançará uma plataforma com um movimento social, em parceria com outras entidades como o OLX Portugal e a SIBS, para potenciar o aumento da literacia digital dos consumidores portugueses.

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