Reportagem

Cientistas da Universidade de Coimbra usam inteligência artificial para estudar o autismo

O Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver um projecto que visa estudar e caracterizar as perturbações do desenvolvimento do autismo, através de inteligência artificial.

Denominado Move4ASD, o projecto é desenvolvido em parceria com o Instituto de Imagem Biomédica e de Investigação Translacional de Coimbra (CIBIT) do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da Universidade de Coimbra e com a Universidade de Oxford, Reino Unido, e pretende «utilizar abordagens tecnológicas baseadas em metodologias de inteligência artificial para caracterizar o autismo através da análise de tarefas de imitação», revela João Ruivo Paulo, investigador do ISR e coordenador da iniciativa na FCTUC.

Este projecto, “estuda a hipótese de que, nos indivíduos diagnosticados com autismo, o mecanismo de aprendizagem designado neurónio-espelho está alterado, em relação a indivíduos saudáveis. Assim, acredita-se que a aprendizagem de actividades motoras, como andar e dançar, e outras actividades de interação social, possam ser mal interpretadas por indivíduos diagnosticados com esta condição”.

De acordo com João Ruivo Paulo, o Move4ASD vai analisar dados neurofisiológicos e comportamentais, captados através de eletroencefalografia (EEG) e movimento tridimensional. “Estes dados serão processados por técnicas de aprendizagem máquina para descobrir distinções entre indivíduos saudáveis e participantes do grupo clínico. Através desta diferenciação entre grupos será possível identificar biomarcadores neurofisiológicos de padrões motores ainda pouco compreendidos”, explica o investigador.

Com este estudo, a equipa acredita que “será possível contribuir para um melhor conhecimento do autismo, no que diz respeito ao sistema neurónio-espelho, podendo no futuro desenvolver-se uma ferramenta automática para identificar estes biomarcadores, que por sua vez, pode conduzir a uma caracterização optimizada destas perturbações”.

Neste sentido, e para firmar uma colaboração com a Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA), vários jovens da APPDA de Coimbra realizaram uma visita ao ISR, na qual tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho desenvolvido pelo Instituto e de interagir com robôs, participar jogos imersivos e ainda, conhecer o Move4ASD.

Segundo a equipa do Move4ASD, “esta colaboração será essencial para se desenvolver conhecimento científico relevante no âmbito destas perturbações de desenvolvimento”.

Este projecto, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), envolve, além do investigador João Ruivo Paulo e dos professores Paulo Menezes e Gabriel Pires, do DEEC/ISR, o professor Miguel Castelo Branco e Teresa Sousa, do CIBIT/ICNAS, bem como, Tingting Zhu, investigadora da Universidade de Oxford.

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