Dossier

Recordar é viver

Mais de centena e meia de jovens dos anos 50/60 do Bairro da Encarnação, na Freguesia de Santa Maria dos Olivais, reuniram-se para um almoço-convívio onde reencontraram amigos e ibde se recordaram histórias de vida.

É sempre bom encontrar velhos amigos que o tempo se encarregou de afastar, motivo que leva Fernando Perfeito e Carlos Félix a organizarem, anualmente, um almoço que reúne centenas de amigos do Bairro da Encarnação, onde alguns nasceram, outros cresceram e são poucos os que ainda lá vivem.
O que os une, revela Fernando Perfeito, é um conjunto de vivências partilhadas nos anos 50/60, numa altura em que toda gente se conhecia, em que não havia ruas, passeios e onde todos ajudavam, de uma maneira ou de outra a construir o bairro. “É a escola onde estudamos, os mesmos cafés (um a norte e outro a sul), o mesmo cinema, o “Barracão” e o autocarro que todos nós tínhamos que apanhar para entrar no bairro”.
Para Mário Barrelas este foi um dia particularmente especial visto que celebrava os seus 95 anos de vida. Apesar da avançada idade mantém-se sempre muito activo “sou caçador e pescador” e a memória continua aguçada, recorda-se exactamente do dia em que foi viver para o Bairro da Encarnação, a 16 de Abril de 1945, um local que “não é meu mas que sempre acarinhei e que hei-de morrer lá”. Consigo levou a esposa e os seus dois filhos. Dos amigos que reencontrou, que são poucos pois “fazia serões no trabalho em que entrava às 7h00 para sair à 00h00, isto no tempo da guerra”, recorda-se de situações que partilhavam, como os jogos de pingue-pongue, de hóquei em patins e das conversas à soleira da porta. “Infelizmente agora as pessoas já não ligam aos vizinhos e já não fazem estas amizades”.
As conversas entre amigos são como as cerejas, há sempre espaço para mais uma e fluem com uma velocidade admirável. “Recordaste do…” ouvia-se alguém perguntar numa mesa, “Não mudou nada”, dizia outro.
Manuel Pinhão tem agora 70 anos, está reformado da Marinha como oficial de guerra e para passar o tempo entretém-se a restaurar mobiliário. As suas origens estão em Salvaterra de Magos onde nasceu, mas mudou-se para o Bairro da Encarnação ainda jovem, quando “o meu pai foi convidado para ser director da Escola 113 e a minha mãe para ser directora da Escola 114, em 1948”. Durante o almoço reencontrou dezenas de “amigos que já não via há mais de 40 anos”, especialmente “os alunos dos meus pais”.
Em relação ao bairro garante que este “manteve-se igual. Agora apenas temos mais restaurantes e transportes”.
Durante o convívio, que se prolongou pela tarde fora, houve ainda tempo para se prestar uma homenagem e recordar companheiros que por algum motivo não puderam estar presentes. Houve também espaço para um pezinho de dança e tempo para visionarem um vídeo que compilava dezenas de fotografias das pessoas do bairro nos anos 50/60.

Ver mais

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Close