As duas primeiras semanas de Setembro trouxeram nova vida ao jardim da Biblioteca dos Olivais, com a ocupação do espaço pelo atelier “Revoada”.
Com o tema “Revoada – dá asas à tua imaginação”, o grupo G-Teatro trouxe à Biblioteca dos Olivais um atelier de trabalhos manuais dirigido a todas as idades que contou com mais de uma centena de participantes.
Carlos Piecho, responsável por este grupo que está ligado a múltiplas iniciativas promovidas pela Casa da Cultura da Junta de Freguesia de Olivais, explica com boa disposição que “revoada” é a palavra que designa o movimento dos pássaros quando levantam voo. “Tem outros significados, mas este é o original”, esclarece.
O atelier consiste no reaproveitamento de materiais ao mesmo tempo que se dá “asas à imaginação”. “Quisemos pôr as pessoas – crianças e não só – a criar objectos bonitos a partir de desperdício: garrafas e sacos de plástico, embalagens em geral, jornais velhos e papel velho, folhas e troncos de árvore…”, explica Carlos Piecho.
“Estes e outros materiais”, continua o responsável, “estão a ser aproveitados para fazer pássaros, mas estão à nossa disposição para fazermos tudo o que quisermos. Por exemplo, já aqui temos um projecto de borboleta!”.
O elevado número de participações excedeu as expectativas iniciais, confessa o actor, encenador e cenógrafo. Aliás, a ideia surgiu precisamente da sua experiência de criação de cenários e adereços feitos de materiais leves, baratos e resistentes.
Da imaginação para a realidade
Uma das características dos participantes dignas de destaque é o contacto intergeracional: “temos tido mães e pais com filhos, avós com netos, a construir coisas juntos, e isso é fantástico!”. O criativo mais novo tinha apenas 4 anos (foi uma excepção, porque o projecto está dirigido para crianças a partir dos 10); a pessoa menos jovem tinha nada menos que 74 anos!
Catarina e André, com 6 e 9 anos de idade, são dois jovens que encontrámos a trabalhar em equipa. A Catarina escolheu fazer uma borboleta. Porquê? “Porque pensei que devia ser a única, só há aqui pássaros… Pintei o outro lado com umas amigas na semana passada, hoje vou pintar este lado com o meu irmão”. As cores a utilizar são roxo e dourado. Explica que viu uma borboleta numa enciclopédia mas está a torná-la mais colorida. O irmão André está a gostar… Conta-nos que dá ideias, mas a mana é que escolhe. A avó, Isabel Correia, tem ajudado, neste e nos outros dias, e também participa!
Isabel descreve a actividade como “muito interessante para as crianças” porque “dão asas à sua imaginação”: “admiro imenso todos os trabalhos manuais e este é um dos que me fica de recordação com eles. Envolve imaginação, criatividade, estar ao ar-livre… eles estão satisfeitos, podem fazer o que quiserem”…
Francisco Barata, com 10 anos, quer fazer um pássaro grande. “Estávamos a decidir como ficavam as asas, acho que ficou bem. Vamos imaginando várias coisas e vamos fazendo”, explica. Quem tem as ideias? “Eu e a minha avó, decidimos em conjunto”, responde prontamente. E de onde vêm as ideias? “Da minha cabeça!” A parte que deu mais trabalho até agora foi passar com a fita adesiva a toda a volta do pássaro…
E que tal um papagaio?
Mais à frente, três artistas tentam dar vida a outra espécie. Margarida Lima e Francisca e Teresa Silva são primas que iniciam em conjunto a construção de um papagaio. “Estou a achar que era mais fácil do que eu pensava”, confessa Margarida. Mas “está a ser muito divertido”, claro! Francisca acrescenta que “logo se vê o que fica melhor, dá para irmos inventando à medida que fazemos”. E Teresa pensa que a parte mais difícil vai ser fazer as asas, porque ainda não combinaram como vai ser.
Ana Crista, vogal da Cultura da JF Olivais, revela-se bastante satisfeita com os números finais: um total de 28 pássaros, imaginados e construídos por 164 participantes. Estes pássaros (e outros seres alados) desfilaram na festa de encerramento do programa Olivais em Férias, no Vale do Silêncio, e encontram-se em exposição no Jardim da Biblioteca dos Olivais.
