Reportagem

Aulas de violino no Ateneu da Madre de Deus

_violinoAlunos jovens, dos 4 aos 19 anos de idade, desenvolvem a arte de tocar violino com o professor Joaquim Rodrigues, que dedicou uma vida inteira à música.

Joaquim Rodrigues iniciou a sua relação com a música desde cedo. Apesar de só ter começado a tocar por volta dos nove anos de idade, já tinha iniciado a formação musical desde os seis. Seguiu a sua vida fazendo outras coisas para além da música, mas quando terminou o serviço militar decidiu que era altura de se dedicar mais seriamente ao estudo do violino.

Com cerca de quatro, cinco séculos de história, o violino é o menor e mais agudo da família das cordas friccionadas. Na sala do Ateneu da Madre de Deus onde se ministram as aulas, não encontramos nenhum stradivarius, mas lá está um violino à espera da chegada do próximo aluno, bem acondicionado no seu estojo, em cima da mesa.

_Violinos Ateneu - Filipe Rebelo e prof Joaquim RodriguesExperiência de longos anos em orquestra, mas faltava algo diferente

O projecto do qual Joaquim Rodrigues é o responsável existe desde 2007. O músico reparou no sucesso que a classe de ballet estava a ter e perguntou a si próprio «porque não uma classe de violino?». E assim se desenhou esta nova etapa na sua vida, que nem sempre seguiu o rumo tradicional da sua profissão: “foi um percurso de certa forma estranho porque normalmente nos instrumentos as pessoas não páram na sua formação. Houve ali um momento em que estava hesitante. Quando entrei para a Escola Superior de Música de Lisboa já ia nos 20 e tantos anos”.

Tocou em várias orquestras, como a Gulbenkian, a Metropolitana de Lisboa e a Orquestra Ligeira da RDP, que já não existe hoje em dia. Fora da capital, fez parte da Orquestra do Norte e da Clássica da Madeira.

Hoje, ensina a mesma arte a 22 crianças e jovens do bairro da Madre de Deus e arredores seis dias por semana, e confessa-se realizado: “o ensino representa uma espécie de reaprendizagem do gosto pela música através da simplicidade”. Como qualquer actividade, a música pode tornar-se numa rotina, e os alunos ajudam os músicos a fugir a essa rotina: “ensinar uma criança a tocar dá um prazer especial que se centra na simplicidade que não conseguimos atingir pelo grau que já atingimos enquanto músicos”, diz-nos o professor.

_Classe de violino - alunas Alexandra e Rita1 (1)Duas irmãs partilham o gosto pelo violino

Alexandra e Rita são duas irmãs de 7 e 8 anos que aparecem juntas, acompanhadas pela mãe, para a sua aula de terça-feira. Começaram cedo (cerca dos quatro anos), o que constitui um dos requisitos mais importantes para um razoável domínio do instrumento.

Alexandra, mais bem-disposta que a irmã no dia chuvoso que nos calhou em sorte, conta-nos: “foi a mãe que escolheu o violino e eu gostei logo à primeira!”. Nem vale a pena perguntar se toca bem… Responde imediatamente que sim, e olha o professor com um sorriso. Das músicas que sabe tocar, gosta mais de duas em particular: a estrelinha e o balão do João.

Rita, mais desafiadora, diz que prefere a ginástica ao violino. Mas também gosta do violino! A mãe denuncia aquilo que ela não nos admite por vergonha: adora os espectáculos. Entre o piano e o violino, a decisão final caíu para o lado do instrumento de cordas. E de resto, as manas concordam numa coisa: gostam muito de música. Alexandra é rápida a corrigir-nos: “Eu não gosto, eu adoro música!”.

Filipe Rebelo é outro aluno da classe de violino do Ateneu. Com oito anos, começou a praticar porque viu que os amigos da escola sabiam tocar e por isso também quis aprender.

_Ricardo Gonçalves e prof Joaquim RodriguesJá Ricardo Gonçalves, com 14 anos, tinha a certeza que queria aprender um instrumento, e a escolha acabou por recair no violino. Pratica há seis anos, mas reconhece que só muito recentemente começou a empenhar-se mais nas horas dedicadas ao treino. Questionado acerca das vantagens, afirma que “aprender música ajuda sempre na concentração”. Acrescenta que “é bom ter actividades fora da escola, e que há tempo para conciliar tudo”… é uma “questão de organização pessoal”.

Projecto muito requisitado

Os espectáculos não são poucos, à volta de seis por ano. Os mais importantes são o concerto de Natal e o do encerramento do ano, que é feito em conjunto com a classe de ballet, conforme explica o professor: “é um espectáculo interessante porque, para além de ter sempre uma plateia muito numerosa, nas pausas entre as interpretações de dança, nós entramos em palco e mantemos um ritmo agradável, sem aquelas quebras ditadas pela logística, como as mudanças de roupa e de cenário”.

Além dos espectáculos-âncora, estes jovens violinistas são regularmente convidados para participar em eventos, como por exemplo a Gala do Beato.

_Violinos Ateneu - Ricardo Gonçalves e prof Joaquim Rodrigues2Aos aspirantes, Joaquim Rodrigues deixa um conselho: estudem, trabalhem e gozem a música. “O instrumento musical tem de ser uma fonte de prazer para quem toca”. E como estas aulas não são um curso, mas uma actividade, é fundamental que os alunos gostem daquilo que fazem.

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