Vinhos de Lisboa – 20 premiados distinguidos no Concurso de 2014

A cultura da vinha na região de Lisboa remonta aos tempos da ocupação romana. Nos nossos dias, a região de Lisboa produz vinhos que se afirmam no panorama nacional e internacional, com um crescimento assinalável nos últimos anos.

Espalhada por uma vasta região que se estende das encostas da Serra d’Aire a Colares e Carcavelos, passando pelas zonas de Óbidos, Lourinhã, Torres Vedras, Alenquer, Arruda e Bucelas, a vinha de Lisboa produz um milhão de hectolitros de vinho por ano, compreendendo os vinhos DOC (Denominação de Origem Controlada), regionais e de mesa.

Este ano, estima-se que a produção ronde os 900 mil hectolitros, 10% abaixo do normal. Quem o diz é Vasco d’Avillez, Presidente da Direcção da Comissão Vitivinícola Regional de Lisboa, que falou ao EXPRESSO do Oriente sobre a expectativa relativamente às vindimas este ano: “É preocupante, o tempo tem estado esquisitíssimo, Julho e Agosto parecem Fevereiro… É uma das características da nossa proximidade com o Oceano. O ano passado já foi abaixo do normal. No entanto, pelo facto de a região estar em cima do Atlântico, também está melhor preparada do que outras para estas adversidades”, explica.

A qualidade essa, parece estar assegurada: “apesar da produção abaixo do normal, a qualidade será óptima”, garante Vasco d’Avillez.

Concurso de Vinhos de Lisboa 2014 – 20 produtores premiados

Foram divulgados no dia 30 de Julho, no  os resultados do Concurso de Vinhos promovido pela CVR Lisboa, certificado pelo IVV – Instituto da Vinha e do Vinho e de acordo com as mais apertadas regras da OIV – Organização Internacional da Vinha e do Vinho.

Um total de 37 vinhos de 20 produtores foram destacados no quadro de honra da edição deste ano, com a Casa Santos Lima e a Adraga Explorações Vitivinícolas a merecerem quatro medalhas cada uma. No caso deste segundo produtor, Vasco d’Avillez não deixa de relevar que “é um caso extraordinário porque a Adraga tem à sua frente um senhor que é um exemplo digno de nota”. Fala do Barão Bodo von Bruemmer, que com 102 anos continua a dirigir activamente a sua vinha da zona de Colares. “A maior parte de nós pensa que aos 65 já não aguenta mais e tem de parar. Este senhor resolveu entrar num mundo que não conhecia com 96 anos e teve um enorme sucesso… É fantástico”!

Crescimento sustentado

A região de Lisboa regista um crescimento contínuo ao longo dos últimos quatro anos, em contra-ciclo com o resto do país, no que diz respeito à venda de vinhos certificados (vinho regional e DOC).

Vasco d’Avillez aponta que as vendas “têm subido ano após ano a uma média de 10% ao ano. Em 2014 [com dados apenas até Junho] estamos a crescer 16,7%. Se tudo continuar assim até Dezembro é um ano recorde de crescimento”. E porquê? Porque os Vinhos de Lisboa estão cada vez mais apetecíveis, com um trinómio qualidade/preço/vitalidade muito sugestivo: “além da sua qualidade, temos vinhos todos eles feitos a pensar em comida… adaptam-se lindamente a qualquer refeição, desde a sweet and sour chinesa até ao picante do caril indiano e ao chouriço tipicamente português”. O preço também é “muito bom”: “mesmo no mercado português temos estado a crescer, ao contrário de outros”.

Produção voltada para a exportação

A quota de exportação atinge já os 75% da produção. Questionado sobre os principais mercados que estão a beber os Vinhos de Lisboa, o ex-Presidente da Viniportugal destaca como “mais interessantes” os do Brasil e Angola. Surgem depois os Estados Unidos, a China e os países do Norte da Europa – Suécia, Noruega e Finlândia – onde o mercado do vinho é um monopólio do Estado. Vasco d’Avillez sublinha que os Vinhos de Lisboa são número um entre os portugueses nesses mercados do Norte da Europa.

Outros mercados em crescimento são o do Reino Unido e os mercados de «aposta» no sul do continente africano: Moçambique, África do Sul e Namíbia.