Reportagem

Biodanza: quisemos perceber o que é!

Nos Olivais, um grupo de pessoas reúne-se uma vez por semana para praticar biodanza. O que é isso? Fomos descobrir!

Depois de o psicólogo Roland Toro ter desenvolvido algo novo, na década de 60, através de experiências com doentes de um hospital psiquiátrico em Santigo, no Chile, há nos Olivais um grupo de cerca de 15 pessoas que se reúne todas as semanas durante duas horas para responder a “um convite à alegria de viver”.

Foi assim que, junto ao Centro Paroquial de Olivais Sul, participámos numa aula facilitada (é esta a expressão) por Márcia Santos, que se assume facilitadora didacta de biodanza.

É Márcia quem nos explica que “a biodanza é um sistema de desenvolvimento humano que permite estimular os nossos potenciais que muitas vezes estão reprimidos, como a criatividade, a vitalidade, a afectividade e ligação entre as pessoas. Permite a expressão corporal espontânea, que nos conectemos com o que sentimos, muito mais do que com o que pensamos na nossa cabeça”.

Na biodanza não há danças coreografadas. O participante tem liberdade total para se expressar, sendo as vivências induzidas pela música, pelo movimento e pela expressão corporal.

Isso mesmo testemunhámos em primeira mão, observando os participantes a desenhar os seus próprios movimentos, mesmo que seguindo algumas instruções básicas que a facilitadora fornecia como preparação do exercício. Logo no início da sessão, houve lugar a uma pequena partilha sobre a semana e o impacto da aula anterior no dia-a-dia. Depois, acompanhando a música, os alunos expressavam na dança o que sentiam, ora individualmente, ora em pares, ora em grupo. Houve momentos mais dinâmicos e outros mais calmos e lentos, com as luzes baixas, mas sempre com a serenidade e alegria como palavras de ordem.

Descoberta de si próprio como motivação principal

Márcia Santos é enfermeira especializada em saúde mental e psiquiátrica. Conheceu a biodanza em 2012 através de uma amiga, experimentou uma aula e saiu de lá entusiasmada, ao pensar que poderia implementá-la com os seus doentes em contexto clínico. “Trabalhava com uma população com deficiência intelectual e problemas psiquiátricos e desenvolvi biodanza clínica, como estratégia de reabilitação, tanto que a minha tese de mestrado versou sobre este tema. Os resultados foram muito positivos em ambos os contextos!”.

Mais tarde, em 2016, iniciou um grupo de biodanza em Carnaxide, com o Sérgio (o marido), e este nos Olivais em 2018. A responsável destaca a importância da “auto-descoberta de si próprio através da interacção com os outros”. Essa dimensão foi a mais mencionada pelos inquiridos de um estudo preliminar para o doutoramento de Márcia sobre as motivações para a participação em grupos de biodanza. Numa amostra pequena, de 180 pessoas, apontaram o auto-desenvolvimento, o convívio, a saúde e a partilha de experiências.

Falámos com Leonilde Silva, 40 anos, que confirmou esta informação: “A biodanza entrou na minha vida porque queria algo que me ajudasse no meu desenvolvimento pessoal. Acabou por não ser em Loures, como pretendia, mas aqui nos Olivais. Faço há um ano e é onde vou buscar forças para a minha vida”.

Quando perguntamos que efeitos tiveram as aulas na sua vida, Leonilde afirma que a ajudaram a “resolver algumas questões que tinha, a tomar decisões, a respeitar-me. Sinto-me uma pessoa mais feliz, mais segura, que sabe o que quer. Um exemplo que posso dar é que aqui costumamos fazer um exercício em que apenas caminhamos e na minha vida sinto que tenho um caminhar mais confiante, que tenho uma presença no mundo”.

Já para Fernando Carvalhal, 56 anos, esta foi a primeira aula. “A minha mulher já vem há cerca de um mês, estou aberto a novas experiências e quis experimentar”. E o que achou, perguntamos nós? “Gostei, achei libertador, introspectivo, bom para colocar a cabeça e o coração a funcionar em conjunto. Tenho a certeza que vou levar daqui alguma coisa para o meu dia-a-dia”.

Tudo terminou com um jantar-volante partilhado por todos e um brinde para a fotografia que atesta a boa disposição do grupo!

Para se juntar ao grupo Biodanza Márcia & Sérgio, basta utilizar os contactos disponíveis no site, em www.biodanza-incorpora.pt.

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