Reportagem

Escuteiros do Beato viajam até aos Açores

res_escuteiros-beato-nos-acores-1Um grupo de Escuteiros do Agrupamento 760 do Beato viajou até aos Açores para ficar a conhecer três ilhas daquele arquipélago.

A actividade decorreu entre os dias 28 de Agosto e 7 de Setembro e envolveu a Equipa Vera Barclay, uma equipa composta por seis elementos que escolheram como patrono uma pioneira do escutismo e fundadora do lobitismo que viveu entre 1893 e 1989.

“Tudo começou com um convite proveniente de um chefe amigo do Agrupamento, que nos desafiou”, explica Luís Cristóvão, dirigente escutista. “Rapidamente a equipa aceitou o desafio e começou a trabalhar para a sua realização. De uma proposta rudimentar, para um projecto inter-ilhas, esta actividade foi crescendo tornando-se o grande objectivo para este ano escutista”.

res_escuteiros-beato-nos-acores-4 Foram várias as etapas de preparação que foram sendo ultrapassadas, desde logo a marcação das passagens aéreas, das viagens de barco, as autorizações dos pais e, claro, as actividades de angariação de fundos que envolveram toda a Paróquia de São Bartolomeu do Beato. Os Escuteiros venderam bolos, porta-chaves, organizaram uma noite de cinema, dinamizaram uma banquinha na Feira Seiscentista do Beato, entre muitas outras coisas.

“Ficou ainda decidido que seria diariamente feito, se possível, um pequeno resumo do dia a que chamámos de Diário de Bordo, que seria enviado aos pais, amigos e outras entidades, para darmos a conhecer esta grande aventura”, acrescenta ainda Luís Cristóvão.

A viagem e os primeiros dias

E lá seguiram os Escuteiros viagem rumo à Ilha Terceira, que havia de ser o seu quartel-general no arquipélago. Para alguns dos viajantes, foi o seu baptismo de voo, facto que tornou ainda mais especial a jornada.

De acordo com o grupo, os primeiros dias serviram para “absorver muitos dos belos costumes destas ilhas”, dos quais destacam a procissão típica na Terceira, as Touradas à Corda, o desfile do Bodo de Leite (carros alegóricos decorados com cenas da vida do campo)… Também puderam conhecer toda a ilha e maravilhar-se com as paisagens que oferece, das quais enumeram a Serra de Santa Bárbara, as Furnas do Enxofre, a Gruta do Natal, o Algar do Carvão, a deslumbrante vista da serra do Cume, algumas das suas praias e enseadas, e ainda as cidades de Praia da Vitória e Angra do Heroísmo (sendo esta especial, uma vez que o seu centro histórico é Património da Humanidade).

res_escuteiros-beato-nos-acores-5 A ameaça do furacão Gaston e as Ilhas do Pico e Faial

O furacão Gaston entrou de rompante nos planos da Equipa Vera Barclay, já que, como é óbvio, não tinham previsto a ocorrência de um fenómeno natural tão extremo.

Uma das alterações provocadas pela proximidade do furacão foi a antecipação da viagem para a Ilha do Pico, no dia 1 de Setembro, para poderem fugir aos ventos que se fariam sentir nos dias 2 e 3.

No Pico a Equipa visitou os museus da Faina Baleeira de São Roque e das Lajes, o Museu do Vinho e o Museu do Cachalote na Madalena, a Gruta da Torre, a mais extensa de Portugal, bem como vários espaços ajardinados da ilha e a zona típica de produção de vinho em curraletas, também ela declarada Património da Humanidade. A experiência que não podia faltar era a subida ao Pico, a mais alta montanha de Portugal, com os seus 2351 metros!

“Levantámo-nos às 3h30 da manhã do dia 5 de Setembro e às 5h iniciámos a escalada em plena noite, à luz da lanterna”, conta Luís Cristóvão. “Revelou-se-nos muito dura e difícil, mas com muito esforço e entreajuda de todos conseguimos que todo o grupo chegasse ao topo, primeiro à cratera e depois ao piquinho que fixa a quota em 2351 metros. Eram 9h30 e foi muito gratificante, apesar de algum mau tempo, principalmente o vento e o nevoeiro que apenas nos dava uma vista limpa parcial de um lado da ilha”.

Seguiu-se a Ilha do Faial, onde Escuteiros visitaram a Cidade da Horta, nomeadamente o museu baleeiro e a casa da família Dempsei, surpreendidos pela chuva.

res_escuteiros-beato-nos-acores-2 Regresso à Terceira e… a casa!

A viagem terminaria de novo na Ilha Terceira, onde ainda tiveram tempo de visitar o Museu de Angra, a Casa dos Capitães Generais (sede do Governo Regional na Ilha terceira) e a Quinta dos Açores.

“Eu sempre quis ir aos Açores”, nota Ana Soares, de 17 anos, um dos elementos da Equipa Vera Barclay. “Quando surgiu a oportunidade, por volta do Carnaval, foi-nos apresentado o desafio e começámos logo a arregaçar as mangas para podermos ir, com as várias actividades”.

Ana confessa que a ilha de que mais gostou foi a Terceira, “talvez porque foi aquela que conhecemos melhor”, e assume que não se preocupou muito com o furacão: “Sentimo-nos sempre seguros. Talvez não tivéssemos muito a noção do que era”. E acrescenta com algum humor: “Saímos do aeroporto de Lisboa com uma ameaça de bomba, tivemos um pequeno sismo já nos Açores. Estivemos sempre sob ameaça, mas fomos sempre brincando com as situações”.

Resumindo, Ana Soares admite que “deu imenso trabalho mas valeu muito a pena. Adorei a experiência! Há coisas que não se fazem com os pais, só com amigos. Os Escuteiros dão-nos essa oportunidade”.

Perguntamos a Bruno Cristóvão, o Guia de Equipa, aquilo de que gostou mais na viagem. Responde-nos: “O espírito da equipa”. Já quanto ao mais difícil, identifica imediatamente a descida do Pico, e insiste que foi pior que a subida: “Quando vamos a subir conseguimos ver onde pomos os pés, escolhemos os melhores sítios, quando vamos a descer é mais complicado, há pedras soltas, houve até algumas quedas na descida!”.

O jovem confessa-se maravilhado pela vista lá de cima: “Apanhámos um bom dia, é uma coisa deslumbrante! Conseguimos ter noção da existência de vulcões na paisagem (claro que inactivos), conseguimos ver a Terceira e São Jorge, acho que até a Graciosa, mas não pudemos ter a certeza”.

res_escuteiros-beato-nos-acores-6Quanto à ameaça do furacão Gaston, Bruno até agradece a sua passagem pelo arquipélago: “Graças ao furacão ganhámos um dia extra, porque antecipámos a nossa viagem até ao Pico e pudemos visitar uma ilha extra que foi o Faial”.

Segundo este guia, o grupo ficou com muitas histórias para contar aos familiares e amigos e recebeu pequenas lições importantes: “Aprendemos que temos de levar uma vara por elemento para subir e descer o Pico, comer bem um bom pequeno-almoço e não resmungar uns com os outros quando passamos muito tempo com eles!”.

“Foram 11 dias intensamente vividos e de muita aprendizagem, que deixaram marcas em cada um dos participantes e que certamente recordarão pela vida”, aponta o dirigente Luís Cristóvão. “Foi algo de muito positivo que estes jovens quiseram realizar e que os dirigentes apoiaram desde o primeiro momento, pois a base do Movimento Escutista é a patrulha (neste caso equipa), em que se decide que projectos fazer, e ao dirigente cabe o papel de ajudar e supervisionar para que o mesmo seja um sucesso de aprendizagem e crescimento de cada um”, completa.

Os Escuteiros do Beato aproveitam a reportagem para agradecer à Junta de Freguesia do Beato, a todas as entidades que os receberam nas Ilhas da Terceira e do Pico e a todos os que directa ou indirectamente ajudaram a realizar a actividade.

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