Reportagem

Entrevista a Herman José

resized_concerto-herman resized_concerto-herman-jose-26 resized_concerto-herman-jose-36 resized_concerto-herman-jose-41O EXPRESSO do Oriente conversou com o grande Herman José no rescaldo do seu concerto no Vale do Silêncio, no Festival Street Food dos Olivais.

Depois de o ouvirmos cantar e contar piadas durante duas horas, falando de pintos e passarinhas e outras coisas que tais, mudamos o registo e escutamos o homem calmo, de voz suave e que fita o seu interlocutor nos olhos, como quem quer comunicar de facto, e não apenas ser ouvido. Algures a meio da nossa pequena conversa, ouve-se alguém gritar lá fora: “HERMAN, ÉS GRANDE, FAZ-ME UM FILHO!”. Ele interrompe a frase, ri-se durante uns segundos, mas não perde o fio à meada…

O Herman já fez um pouco de tudo. O que lhe dá prazer fazer hoje em dia?

É precisamente isto a que assistiu hoje. O encantamento do espectáculo ao vivo é que eles são sempre diferentes, o público é sempre diferente. Por exemplo, em Outubro tenho um espectáculo em Melbourne, outro em Sidney, outro em Arouca, mais cinco em Lisboa… e o encantamento destes ziguezagues, o interesse que dá à vida e a forma como puxa por nós é extraordinariamente estimulante. E é muito generoso porque o palco é o único sítio onde se envelhece bem. As pessoas em palco não têm idade. Isso é muito agradável.

Sente-se igualmente à vontade em directos, em programas gravados e em cima de um palco, ou o palco é o lugar que mais lhe agrada?

Faço tudo o que é preciso fazer, muito obrigado [risos]. O espectáculo ao vivo é o que mais gosto, mas também gosto muito de fazer televisão. Vou estrear em breve um programa que me agrada, que mistura humor, entrevistas e é feito com tempo, com um cenário muito bonito e música. Este registo que mistura estas coisas todas é talvez o que gosto mais, a minha actividade favorita. Isso e não fazer nada. Eu faço nada com uma qualidade que você não imagina. A maneira como eu páro, mais ninguém sabe parar como eu!

E a alegria e a boa disposição com que contagia toda a gente, onde é que as vai buscar? Saem-lhe naturalmente?

Eu tenho uma perspectiva da vida muito pragmática. Como não acredito em nada, nem em deuses nem noutras coisas, vivo só no presente, acredito no momento em que a gente vive. Aconteça o que acontecer, desde que se esteja vivo e com saúde, é muito divertido estar vivo. Raras vezes estou chateado. Às vezes estou desligado, desligo porque preciso mesmo de o fazer. É uma vida muito activa… Mas sempre cultivando uma boa disposição, nunca deixando que a tristeza me invada.

Estas personagens que foi criando ao longo dos anos, há muito de Herman nelas, há muito delas no Herman?

Há… Todas elas têm! Eu no fundo brinco através delas todas, muitas vezes digo através delas o que não posso dizer eu próprio. E isso é muito agradável.

Teve oportunidade de dizer à presidente da Junta de Freguesia dos Olivais “Eu é que sou o presidente da junta”?

Por acaso não! Está a ver como estas coisas são, esqueci-me! Talvez porque é uma presidente e não um presidente, não me lembrei… Mas ainda hoje não há presidente de junta que não venha ter comigo a dizer que ele é que é o presidente!

E tal como essa expressão, há muitas que cunhou e que fazem hoje parte do léxico dos portugueses no seu dia-a-dia. Tem consciência disso? Acontece ouvir por acaso outros dizerem as “suas” expressões?

Tenho, claro. E o que mais me emociona é ver que os mais novos também as sabem. Por exemplo, hoje estava aqui há pouco um miúdo com os seus 18 anos que sabe coisas de cor de um programa que tem 35 anos. Tem o dobro da idade dele. Isso é muito emocionante. Estas novas gerações descobrem-nos através da RTP Memória, do Youtube… É fantástico!

 

Se tivesse de explicar quem é o Herman José a alguém que não o conhecesse, como se descreveria em poucas palavras?

Diria que era um bonacheirão bon vivant.

Para finalizar, diga-nos: do que é que “não havia necessidade”?

De vivermos tão pouco. Acho que tínhamos obrigação de viver alguns 400 anos: 100 para aprender, 200 para ter uma vida activa e os últimos 100 para irmos passear e podermos gozar a reforma. Já vivi bastante mais que a idade que tenho, mas é uma pena não podermos viver até aos 400 anos!

Por acaso já viajou no Expresso do Oriente?

Não, não teria paciência para o timing. Mesmo nas viagens grandes de avião, não tenho paciência. Felizmente já estou numa fase em que posso viajar naquelas classes em que as cadeiras viram camas e então ponho um pijaminha e durmo ou oiço música. Se for assim, não me importo de fazer viagens grandes, caso contrário acho um desperdício de tempo. O Expresso do Oriente demora muito tempo a fazer!

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