Sociedade
Arte urbana invade os Olivais
A Rua Capitão Santiago de Carvalho (bem pertinho da sede da Junta de Freguesia dos Olivais) exibe agora um muro cheio de cor, com três painéis pintados com graffiti.
A intervenção resulta de um concurso promovido pela autarquia local, intitulado “Olivais Urban’Art 2015”, em que foram submetidos projectos para embelezar o espaço público naquele muro, sob o tema “Liberdade”.
E assim, no dia da Liberdade, em pleno 25 de Abril, foram concluídos os trabalhos pelos artistas vencedores do concurso, que contou com um total de 17 participantes.
Começando pela esquerda, temos a obra do terceiro classificado: uma torre de animais encavalitados uns em cima dos outros procura chegar ao topo do local onde se encontram porventura encurralados, mas um lobo espera-os de boca aberta. Com o título “O triunfo dos porcos” (sendo que os porcos estão a observar a cena), o mural inspira-se no romance de sátira política de George Orwell publicado em 1945. Conta com a assinatura do artista Jozhe (José Fonseca), que desta forma abordou o tema da liberdade expressando o seu contrário e evocando a ditadura. É o terceiro mural que este licenciado em ilustração realiza, sendo os dois anteriores em casa de amigos.
Ao meio, um pai conta uma história à sua filha, incentivando-a a imaginar e a sonhar, projectando em sombra chinesa um pássaro cheio de vida e cor. Giulia Corascelo e Francesco Fadani, com 25 e 23 anos, de nacionalidade italiana, explicam ao EXPRESSO do Oriente que tomaram conhecimento do concurso através do facebook. Este é o primeiro trabalho com esta dimensão que desenvolvem. Falam na liberdade de imaginar, algo que nada nem ninguém pode roubar ao homem.
À direita, podemos observar o projecto vencedor do Olivais Urban’Art 2015: uma pomba quebra uma vidraça e voa em liberdade. Presa nas suas patas está uma chave dourada. João Maurício, 26 anos, autor deste trabalho, elogia a iniciativa da Junta de Freguesia dos Olivais e defende que devia haver mais projectos semelhantes e não só nesta data: “não podemos levantar o cravo só às horas certas”.
Uma iniciativa a repetir
A presidente Rute Lima congratula-se pelo sucesso da iniciativa, recordando os seus dois principais objectivos: “queríamos, por um lado, transmitir às pessoas que a arte urbana e o graffiti são uma forma de fazer cultura, uma forma de interacção dos artistas com a sociedade, e por outro lado, proporcionar espaços para os artistas poderem dar corpo à sua veia artística”. Esta dupla abordagem alia-se à intenção de “recuperar alguns muros da Freguesia e dar-lhes cor”.
“Sabemos que ainda existe algum preconceito, e até com razão, porque todos vemos por aí desenhos a sujar as paredes, mas queremos inverter esta tendência e passar uma mensagem de conservação do espaço público”, completa Rute Lima.
Para o futuro, prevê-se a realização de mais iniciativas semelhantes, através de concursos com prémios atractivos dirigidos particularmente aos jovens. Os locais a privilegiar serão as escolas e locais degradados ou sujos no espaço público, que serão previamente submetidos a acções de limpeza.
A vogal da Cultura da JFO, Ana Crista, afirma ao nosso Jornal: “gostei muito, foi uma acção muito positiva”. Recorda a importância da parceria com os Missionários da Consolata, que cederam o muro para a intervenção artística e afiança que ainda vai surgir mais um graffiti no muro da Rua Capitão Santiago de Carvalho: o de Tiago Gomes, que mereceu uma menção honrosa no Urban’Art 2015. Esperamos para ver!