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Entrevista a Belarmino Silva, presidente da Junta de Freguesia de Marvila

Belarmino Silva - entrevista (6)Com respostas simples, rápidas e concisas, Belarmino Silva fala das riquezas da Freguesia de Marvila, dos projectos de requalificação em curso, da reforma administrativa e até… de graffitis!

– Em primeiro lugar, gostávamos de ouvi-lo fazer um balanço da reforma administrativa da cidade de Lisboa.

Relativamente à reforma ainda é muito cedo para podermos fazer um balanço, porque ainda estamos a “apalpar terreno”, como se costuma dizer. No entanto, até agora, tem sido um processo bastante positivo. Dá-nos a impressão de que foi uma descentralização benéfica quer para a cidade, quer para as freguesias. Penso que todos os presidentes de junta são unânimes em dizê-lo. Se me perguntar se podíamos ir um pouco mais longe… podíamos.

– E focando particularmente o contexto da Freguesia de Marvila, quais foram os impactos da reforma administrativa? Quais são os principais desafios e vantagens?

É preciso tem em conta que é um processo longo, demorado. Os desafios são muitos, sobretudo porque acolhemos muitas pessoas da CML que estão ainda em fase de transição. Temos que nos adaptar a eles e eles a nós, até porque nestas questões verificamos que ainda existe alguma fricção e adaptação que tem de ser feita. Temos um défice de pessoal, é verdade, que vamos tentar colmatar brevemente. Mas no global é uma reforma vantajosa, porque temos mais ferramentas ao nosso dispor para actuar e servir a população marvilense.

– Uma das suas grandes ambições enquanto Presidente da JF Marvila é a construção de uma sede digna e com as melhores condições para instalar os serviços administrativos e servir os fregueses. Em que ponto está esta situação?

Está bem encaminhada… Muito brevemente vamos fazer o contrato de adjudicação que será enviado depois para o Tribunal de Contas. Depois o Tribunal pronuncia-se sobre se está tudo bem ou não. Contamos ter as novas instalações prontas no prazo máximo de um ano, um ano e meio. Serão aqui bem perto, na Avenida Paulo VI, e será um marco para a história da Freguesia de Marvila.

– A JF Marvila tem, neste mandato, dado atenção particular à requalificação do espaço público. Resulta de uma preocupação específica?

A nossa preocupação essencial é criar uma forma de estar condigna para a Freguesia, actuando no espaço público e nos espaços verdes, que são dois itens que se conjugam. Mas não nos peçam para fazermos tudo num dia. Sempre que arranjamos um passeio num determinado local, as pessoas perguntam-nos porque é que ainda não arranjámos outra coisa qualquer que fica mesmo em frente à sua porta de casa. Estamos a dar a volta à Freguesia: arranjos no espaço público, poda de árvores… A Freguesia tem de começar numa ponta e acabar noutra, não vamos saltar de um lado para o outro. Pedimos às pessoas que tenham alguma calma e paciência, porque a situação que herdámos exige um trabalho com ordem, bem definido, continuado para resolver todos os problemas numa freguesia muito grande.

– Sente que existe alguma confusão das pessoas na distinção das competências da CML e da Junta de Freguesia?

Terei brevemente uma reunião com o vereador da Estrutura Verde da CML para, em conjunto, emitirmos um comunicado à população em que fique bem claro para todos quais são as nossas competências e as da Câmara. Daí eu dizer que podemos ir mais longe na descentralização, ainda há coisas que podemos ser nós a fazer. Há muito mato que precisa de ser cortado. É preciso notar que este trabalho tem de ser desenvolvido em consonância com a CML, como é o caso das vias estruturantes, da poda das árvores e dos buracos das estradas. Estamos a ver se conseguimos encontrar um modelo que nos permita melhorar alguns arruamentos da Freguesia, em conjunto com a CML. Sabemos que as vias carecem de intervenção e vamos tentar chegar a acordo. Há várias questões que permanecem nas competências camarárias e que devem ser vistas e debatidas a sério. Os buracos nas ruas e junto aos passeios são problemas que podem perfeitamente passar para a alçada das freguesias, porque só do passeio para cima é que é da nossa competência. As pessoas podem não se aperceber, mas ando sempre a correr a Freguesia a pé. Ao fim-de-semana, gosto de percorrer as ruas e tomo nota dos problemas que vejo.

E quanto às intervenções no Bairro do Condado e no Bairro das Amendoeiras, em que ponto estão?

A Câmara e a Gebalis estão a melhorar o Bairro do Condado, ao nível do edificado. Estamos a tentar que a outra parte também seja intervencionada. No Bairro das Amendoeiras houve um grande trabalho de requalificação que só não está completo porque o IHRU [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana] não tem cumprido com a sua parte. Estamos à espera que o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social cumpra a sua parte, porque os prédios em questão encontram-se num mísero estado. Temos recebido muitas queixas e estamos a exercer pressão para resolver os problemas, mas a verdade é que há questões onde não nos podemos imiscuir.

– A Galeria de Arte Urbana tem em curso um projecto de pintura de “fachadas tristes” e está a actuar em Marvila, com dois artistas urbanos de renome. Gosta da solução?

Do grafitti barato, que suja e que não tem nada de arte, não gosto. É uma aberração, não tem nada de especial. Quando a arte urbana é bem feita e serve a comunidade, então gosto de ver, claro. Em Marvila temos já pelo menos dois locais prontos. Gosto mais de um do que do outro, devo confessar, mas nestas questões, como em todas as outras, gostos não se discutem, cada um gosta daquilo que gosta.

– Vão começar as obras de requalificação do Pavilhão dos Lóios. Qual é a importância desta intervenção para as associações e colectividades da Freguesia?

Está tudo pronto para começar, vamos lançar brevemente a empreitada. Estamos só à espera que os serviços da Câmara confirmem por escrito que está tudo certo. As obras devem começar ainda antes do final do mês de Outubro. É o único pavilhão que temos, por isso é que é importantíssimo para a Freguesia e frequentado por tantas associações. Na primeira fase da intervenção vamos construir balneários dignos para a prática desportiva. Esse é o principal problema, um pavilhão desportivo tem de incluir balneários dignos. Numa segunda fase, num prazo de três anos, podemos pensar noutro tipo de reparações da estrutura do pavilhão, que por agora não são necessárias.

– Gostávamos de o ouvir falar sobre a sua Freguesia. Quais são as suas principais riquezas? O que destaca?

Uma das principais riquezas da Freguesia de Marvila é o espaço. Vou explicar o que quero dizer com isto. Em primeiro lugar, é uma freguesia que tem muito sol. Tem uma rede viária muito rica, como nenhuma outra freguesia. Entra-se e sai-se da freguesia com muita facilidade. Temos quatro vias estruturantes que a atravessam: Avenida Infante D. Henrique, Avenida Marechal António de Spínola, Avenida Augusto de Castro e Avenida Santo Condestável. Depois, é uma freguesia virada ao mar, ou neste caso ao Rio Tejo. Não estamos fechados no interior, estamos abertos ao rio. E essa abertura vê-se noutros pontos: não temos uma freguesia de becos, temos uma freguesia respirável. Mas a maior riqueza de Marvila são as pessoas, são os fregueses, os marvilenses que residem e trabalham em prol da Freguesia. As inúmeras associações do nosso território que compõem o nosso movimento associativo…

Belarmino Silva - entrevista (14site) Quais são os problemas da Freguesia?

Temos neste momento um problema ao nível da higiene urbana, resultante da transferência de recursos humanos da Câmara para a Junta de Freguesia de Marvila. Mas há um tempo de adaptação (das duas partes) que é preciso respeitar e estamos a trabalhar para o resolver. Claro que haverá funcionários que estão satisfeitos com as mudanças operadas, outros nem tanto, mas não se pode agradar a todos. Gradualmente vamos resolvendo as questões que ainda não estão a funcionar na perfeição.

– Qual é a obra feita (ou quais são) de que mais se orgulha enquanto líder deste Executivo?

É difícil escolher a obra feita que mais gostei. Estamos cá para trabalhar sempre em prol da Freguesia. Não gostava de destacar nenhuma em particular, até porque só trabalhamos para melhorar. Se for para piorar, mais vale estar quieto. O que posso dizer é que se notam as diferenças e a evolução da freguesia de Marvila. Dentro das limitações orçamentais, Marvila evoluiu muito. Quem conheceu a freguesia há 20 anos consegue perceber o que estou a dizer. Só não vê quem for cego. Olhando para o futuro, uma das coisas que gostava de ver acontecer rapidamente era a construção do novo Hospital de Todos os Santos. Ia trazer muitos benefícios e nova responsabilidade a Marvila. Mas não depende de nós…

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