“SoChoc” o prazer do chocolate

Fabrico artesanal à medida do cliente

O Bairro da Encarnação, nos Olivais, esconde um tesouro que promete deixar todos de água na boca: José Peres trocou o escritório pela cozinha, a gravata pelo avental, e lançou-se no mercado com um conceito muito próprio… chocolate de qualidade à medida do cliente.

O projecto ainda não está consolidado – falta-lhe uma loja, por exemplo – mas já não deixa dúvidas de que caminha para o sucesso… pelo menos a quem tem o prazer de provar uma deliciosa iguaria da marca SoChoc. Com muito por onde escolher, entre bolos, bombons e tabletes, a pergunta que se impõe é: o que deseja?

Tem quatro gamas de produto: chocolate negro, de leite, bio (fair trade) e stevia (sem açúcar). Mas para chegar a todos os gostos e garantir um produto personalizado, as tabletes podem conter amêndoa, avelã, noz, goji, gengibre, pistacchio, flor de sal… “Quando alguém surge com um pedido especial eu procuro encará-lo como um desafio e fazer todas as vontades”, explica José Peres com boa disposição.

Como começou

Antigo director de departamento de uma grande multi-nacional, José Peres era já elogiado por familiares e amigos pelo seu delicioso bolo de chocolate. Em tom de brincadeira, todos lhe diziam que “era demasiado bom” para ficar restrito à degustação em ambiente familiar.

Fora da empresa desde Dezembro de 2012, o agora chocolateiro resolveu investir tudo no lançamento de uma marca sua, suportado pelo facto de todos em redor considerarem o seu produto “excepcional”. Frequentou todos os cursos que podia no Centro de Formação Profissional para o Sector Alimentar, na Pontinha, ciente de que “a única experiência que tinha nesta área era o facto de ser um bom apreciador de chocolate”, nas suas palavras. Falou também com o amigo Paul-Hector Bossier, mestre chocolateiro belga que trabalha em Madrid, que lhe deu a conhecer os meandros da área e o introduziu a um fabricante de chocolate belga de qualidade.

O consumidor torna-se fabricante

“O desafio”, conta José Peres, “foi pensar enquanto consumidor o que é que eu gostava de ter num bom produto de chocolate. Numa área que não conheço, mantenho-me na perspectiva do cliente”. E com esta simplicidade, o empreendedor desarma qualquer argumento, sobretudo quando afirma que “servir algo sem qualidade” não é mais que uma forma de “masoquismo”.

Mas se o bolo de chocolate estava “garantido”, com uma avaliação amplamente positiva de todos quantos lhe ferravam o dente, a verdadeira inovação – e o risco – está em tudo o que resolveu “inventar”.

José Peres, que diz detestar cozinha, embora sempre tenha tido uma apetência para doces, sobretudo para o chocolate, desenvolveu e testou uma grande variedade de produtos, dando largas à sua criatividade. “Como diz o meu amigo belga, uma coisa é tirar o chocolate da caixa e aplicá-lo como está, outra coisa é fazer misturas e é precisamente isso que me dá motivação”, explica o chocolateiro. E assim se faz um produto novo: “um pouco de chocolate de leite e um pouco de chocolate negro, este sabor e aquele… Ir ao encontro do gosto dos clientes, porque há uns que adoram chocolate muito doce e outros nem tanto. O que me dá prazer é fazer estas misturas e observar a reacção das pessoas”.

Por medida

E não há fronteiras ou missões impossíveis. Na Feira do Chocolate, no Campo Pequeno, um cliente encomendou tabletes personalizadas por ocasião de um baptismo. Além das características encomendadas, como o evento e o nome da criança em cada tablete, José Peres fez pequenos smiles para cativar os mais novos. Mais recentemente, na 5.ª Jornada da Taça de Portugal de Danças de Salão (Clássicas e Latinas), decorrida em Vendas Novas, inovou ainda mais, elaborando likes (mãos com o polegar levantado, à moda do facebook) para os três primeiros classificados de cada dança, escalão e categoria. Isto é que é mesmo à medida: produtos feitos de propósito, frescos e com marca de qualidade.